ADESÃO A TERAPIA ADJUVANTE HORMONAL: SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE, PLANOS DE SAÚDE E GASTOS PARTICULARES
INTRODUÇÃO: O câncer de mama é uma das doenças malignas mais prevalentes em mulheres e um dos tratamentos nos subtipos de hormônio positivo (HR+) é a terapia endócrina. Embora a terapia endócrina adjuvante tenha aumentado significativamente a sobrevida global a longo prazo, alguns estudos relataram taxas de adesão ao tratamento abaixo do ideal, variando de 40 a 95,7%. Uma possível causa para essa grande variabilidade na adesão são os gastos dos pacientes com o tratamento. Estudos recentes demonstraram que à medida que o custo do tratamento aumenta, a adesão ao tratamento diminui. No entanto, até onde os autores pesquisaram, nenhum estudo tentou entender essa relação no Brasil, onde os medicamentos podem ser tomados sem gastos diretos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), ou por convênios; e por meio de despesas diretas do próprio bolso OBJETIVOS: O questionário aplicado incluiu questões objetivas que visavam compreender a adesão à terapia endócrina sistêmica entre pacientes com câncer de mama. Para isso, foi utilizado o teste de Morisky-Green (MG). Um modelo de regressão linear foi construído usando o teste de MG como variável dependente, e como os pacientes obtiveram as drogas como variável independente, controlada por outras covariáveis sociodemográficas e clínicas. MATERIAIS E MÉTODO: Estudo piloto observacional transversal, realizado com questionário online aplicado aos pacientes do Centro de Tratamento Oncológico Pro Onco e Centro de Apoio ao Paciente com Câncer de Londrina RESULTADOS: Entre dezembro de 2021 e março de 2022, 95 pacientes foram incluídos neste estudo. A média de idade foi de 50,71 (DP = 10,00) e a média de idade ao diagnóstico foi de 45,86 (DP = 8,66). Os pacientes obtiveram os medicamentos principalmente via Plano de Saúde (45 pacientes ou 47,37%), seguido pelo SUS (44 pacientes ou 46,32%) e despesas privadas de saúde (6 pacientes ou 6,32%). Verificou-se que a forma como o paciente obteve a medicação foi estatisticamente significativa na previsão da adesão. Pacientes que obtiveram o medicamento pelo SUS tiveram pior adesão em relação aos que obtiveram o medicamento pelo Seguro Saúde (coef.=-0,38 [-0,68;-0,09]; p-valor = 0,010) e pelo Despesa com Saúde Privada (coef.= -0,81 [- 1,42;-0,21]; p-valor = 0,008). Constatou-se também que, considerando as três principais opções disponíveis para obtenção do medicamento, 30 pacientes (68,18%) que obtiveram o medicamento pelo SUS já haviam esquecido de tomar o medicamento alguma vez; enquanto apenas 18 pacientes (40%) que obtiveram o medicamento via Plano de Saúde o haviam feito (Qui-quadrado = 7,1116; p-valor = 0,008). Além disso, constatou-se que apenas 22 pacientes (50%) que obtiveram o medicamento pelo SUS sabiam o tipo de câncer que tinham. Considerando apenas os pacientes que obtiveram o medicamento via Plano de Saúde, 35 pacientes (77,78%) sabiam o tipo de câncer que tinham (Qui-quadrado = 7,4546; pvalor = 0,006). CONSIDERAÇÕES FINAIS: Os resultados deste estudo não condizem com a literatura sobre o tema, podendo ser explicado pela relação médico-paciente no SUS, pois o não esclarecimento sobre a importância do tratamento adjuvante pode estar relacionado a uma pior adesão.
PALAVRAS-CHAVE: Câncer de mama; Terapia Endócrina Adjuvante; Adesão dos pacientes; Sistema Único de Saúde