DESENVOLVIMENTO DE PESSÁRIO UTERINO POR MEIO DA IMPRESSÃO 3D
INTRODUÇÃO: As tecnologias de impressão 3D têm revolucionado os métodos de produção de dispositivos e peças em diversas áreas, inclusive a área da saúde. Sua versatilidade na escolha de materiais e de geometrias permitem a livre imaginação. Na área médica, a impressão 3D tem possibilitado a fabricação de dispositivos mais acessíveis e personalizados, principalmente na área de tecnologias assistivas, na fabricação de órteses para reabilitação. Esse também pode vir a ser o caso na fabricação de pessários para o tratamento do prolapso pélvico (POP), uma condição que afeta a musculatura pélvica feminina, diminuindo a qualidade de vida da mulher. Uma das sugestões não invasivas de tratamento para essa condição é a utilização de pessários uterinos, dispositivos que devem ser inseridos na região pélvica para ajudar na sustentação. Entretanto, seu custo no Brasil torna essa tecnologia menos acessível a população em geral. Dessa forma, procura-se utilizar a versatilidade das tecnologias de impressão 3D para diminuir o custo e otimizar a produção dos pessários, produzindo-os de forma estéril e com qualidade. OBJETIVOS: Desenvolver um pessário uterino por meio da impressão 3D e realizar os devidos testes de seus parâmetros de qualidade. MATERIAIS E MÉTODO: Utilizando um pessário comercial padrão como referência, estruturou-se um modelo 3D do protótipo do pessário. Com a análise literária, foi possível escolher o filamento possível de ser utilizado para a aplicação desejada, de forma a atender as especificações necessárias. O filamento selecionado foi o de poliácido lático (PLA). Depois de impressos, os protótipos e o pessário comercial foram submetidos ao ensaio de compressão com forças aplicadas entre 1,5 e 4,0 N, considerada pela literatura a faixa de compressão possível de ser exercida pela musculatura pélvica feminina. Os alongamentos sofridos pelas peças foram comparados para avaliar a rigidez e o comportamento simulado em serviço. RESULTADOS: Apesar dos protótipos estarem fiéis nas dimensões em relação ao projeto, as suas superfícies se apresentaram rugosos e necessitaram de lixamento para melhorar a superfície e eliminar rebarbas características do processo de impressão 3D. A face de suporte na mesa de impressão apresentou superfície plana como esperado que pode não afetar a sua funcionalidade, porém os cantos vivos necessitam de arredondamento, trazendo uma etapa a mais no processo de fabricação. Os resultados dos ensaios de compressão confirmaram a maior rigidez dos protótipos em comparação com o pessário comercial que, apesar de favorecer a sustentação da musculatura pélvica, pode causar pressões inapropriadas naquela musculatura, favorecendo danos aos tecidos. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A técnica utilizada tem potencial para, futuramente, atender as necessidades impostas. Entretanto, são necessários estudos posteriores para escolha de material alternativo ao PLA que seja biocompatível, esterilizável e mais flexível, além de um projeto de impressão que contemple ancoragens laterais do anel enquanto impresso evitando a face plana no produto.
PALAVRAS-CHAVE: 1. Pessário; 2. Impressão 3D; 3. Prolapso pélvico; 4. Poliácido lático; 5. Dispositivos médicos