ESTUDO COMPARATIVO DO USO DE SABUGO DE MILHO E BAGAÇO DE CANA DE AÇÚCAR COMO SUBSTRATOS PARA A OBTENÇÃO DE CELULOSE BACTERIANA
INTRODUÇÃO: O Brasil é um dos maiores produtores de milho e cana-de-açúcar do mundo, gerando uma grande quantidade de resíduos com potencial social e econômico que muitas vezes são descartados. Por outro lado, a celulose bacteriana destaca-se pela sua aplicabilidade e por ser ecologicamente sustentável. OBJETIVOS: O presente estudo tem como objetivo utilizar o sabugo de milho verde e maduro e o bagaço da cana-de-açúcar como substratos no meio de cultura para a obtenção de celulose bacteriana. MATERIAIS E MÉTODO: A celulose bacteriana foi produzida a partir da fermentação de kombucha em chá verde ou preto, com substituição parcial da sacarose por farinha de sabugo de milho, bagaço de cana-de-açúcar ou extrato de bagaço a uma concentração final de 50 g/L. As membranas produzidas foram purificadas com hidróxido de sódio 1 M a 70 °C sob agitação constante por 2 horas e lavadas com água até pH neutro. Uma atividade adicional realizada no projeto, não prevista no plano de atividades da estudante, foi a incorporação de partículas de óxido de zinco para promover a atividade antibacteriana nas membranas. Para a incorporação de partículas de óxido de zinco, as membranas foram imersas em uma solução de acetato de zinco 0,08 M, com gotejamento de hidróxido de sódio 1 M. Posteriormente, as membranas, incorporadas ou não com partículas de óxido de zinco, foram submetidas à ação mecânica em liquidificador, e a massa resultante foi colocada em placas plásticas e seca em estufa a 45 °C. As membranas foram caracterizadas quanto à espessura, espectroscopia no infravermelho por transformada de fourier (FTIR), microscopia eletrônica de varredura (MEV) e espectroscopia de energia dispersiva (EDS). A atividade antimicrobiana das membranas incorporadas de partículas de óxido de zinco contra Staphylococcus aureus e Escherichia coli foi avaliada pela técnica de halo de inibição em meio brain heart infusion. RESULTADOS: Todos os substratos alternativos produziram membranas mais espessas que em meio padrão, que utilizou apenas sacarose e apresentou espessuras de 1,35 mm e 0,55 mm para os chás verde e preto, respectivamente. Destaque para os meios contendo farinha de sabugo de milho verde (5,55 mm) ou extrato de bagaço de cana (5,48 mm) em chá verde, e farinha de sabugo de milho seco (5,61 mm) ou extrato de bagaço de cana (5,33 mm) em chá preto. Nas análises de MEV, observou-se uma estrutura nanofibrilar entrelaçada, sem orientação definida. Nos espectros de FTIR, verificaram-se bandas características de carboidratos. A análise por EDS confirmou a presença de zinco, indicando a sua incorporação nas membranas. No teste de atividade antimicrobiana, as membranas não apresentaram inibição do desenvolvimento bacteriano na concentração de óxido de zinco testada. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Considerando os resultados obtidos, a produção de celulose bacteriana a partir da kombucha utilizando sabugo de milho e bagaço de cana-de-açúcar mostrou-se viável e promissora, embora a atividade antimicrobiana das membranas precise ser melhorada com a incorporação de partículas de óxido de zinco em maiores concentrações. Este estudo contribui para a valorização de resíduos agrícolas que, muitas vezes, são descartados, promovendo a sustentabilidade e oferecendo novas perspectivas para a obtenção da celulose bacteriana.
PALAVRAS-CHAVE: 1. Sabugo de milho; 2. Bagaço de Cana de Açúcar; 3. Celulose bacteriana; 4. Kombucha; 5. Sustentabilidade.