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A CONCEPÇÃO ANIMAL PARA OS GUARANIS MBYA

BRAZ, Jeniffer Dambroski ¹; RADVANSKEI, Iziquel Antonio ²
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Curso do(a) Estudante: Licenciatura Em Ciências Sociais – Escola de Educação e Humanidades – Câmpus Curitiba, PR.
Curso do(a) Orientador(a): Filosofia – Escola de Educação e Humanidades – Câmpus Curitiba, PR.

INTRODUÇÃO: Às relações entre humanos e animais têm ganhado mais espaço nas pesquisas acadêmicas atualmente. Mas, apesar de sua importância, a fauna ainda ocupa um segundo plano analítico em muitos relatos etnográficos. Entretanto, para a cultura Mbyá Guarani, e para diversas outras perspectivas, os animais nunca moveram-se de seu narrativo. OBJETIVOS: Nesse sentido, este trabalho tem o intuito de responder a seguinte questão: ao longo da construção cultural dos Mbyá, qual a relação estabelecida da etnia com a fauna circundante? MATERIAIS E MÉTODO: Para alcançar tal fim, optou-se por utilizar de revisões bibliográficas focadas em etnografias e textos antropológicos, obtidos mediante três recortes específicos: Cultura Mbyá, Perspectivismo Ameríndio e Relação Humana-Animal. RESULTADOS: Em síntese, os resultados levantados demonstraram que os indígenas Mbyá desafiam a separação rígida entre Natureza e Humanidade proposta pelos ocidentais e enfatizam a interconexão e interdependência entre todos os seres no cosmos. Tais narrativas atribuem agência e subjetividade aos seres não-humanos, mostrando uma interdependência entre humanos e não-humanos. Dessa forma, a Natureza é deslocada para o centro narrativo, sendo reconhecida como sujeito ativo capaz de construir história e produzir cultura. Quando voltamos nosso olhar para as narrativas Mbyá em sua relação Natureza e Cultura, ou melhor dizendo, Animal e Humanidade, os fios que entrelaçam essas duas porções poderiam ser enquadrados em dois principais grupos: alma e alimentação. Para essa etnia, a alma apresenta duas categorias capazes de se deslocarem em direção aos deuses ou aos animais. Caso o nativo siga corretamente as regras do cosmo (destacando especialmente as normas de reciprocidade com os já, espíritos donos dos domínios ambientais e as normas da alimentação), sua alma tenderia ao lado dos deuses. Caso se desloque para o lado animal, suporia que ela seria uma “alma ruim”. Esse deslocamento pode ser controlado, em alguma medida, pelo consumo dos alimentos tradicionais apropriados, como certos peixes, por exemplo. Nesse sentido, esta pesquisa buscou abordar a perspectiva nativa Mbyá Guarani focada na narrativa relacional entre o homem e a fauna. E, para explicar e costurar essas narrativas em oposição às ideias eurocêntricas, apoiou-se na teoria do perspectivismo ameríndio de Eduardo Viveiros de Castro (1996), a fim de exemplificar a existência de uma multiplicidade de pontos de vista no mundo, compreender a perspectiva relativa ao corpo dos sujeitos no espaço e reconhecer a interdependência entre as ações e interações humanas e não-humanas dadas pela unicidade de almas e multiplicidade de corpos. Nesse esquema, uma ruptura é percebida mediante a categorias perspectivas dos sujeitos, que intimamente são humanas, mas exteriormente se fantasiam de diversos fenótipos. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Em conclusão, por meio da revisão bibliográfica proposta neste trabalho, percebe-se que os indígenas Mbyá não apenas coexistem com a fauna circundante, mas constroem estreitas relações em um âmbito espiritual ao qual edificam seu objetivo em viver nesta atual terra, apresentada como um espaço imperfeito, e buscam se aproximar, habitar, a terra perfeita dos deuses.

PALAVRAS-CHAVE: Animal; Mbyá Guarani; Perspectivismo Ameríndio.

APRESENTAÇÃO EM VÍDEO

Esta pesquisa foi desenvolvida na modalidade voluntária no programa PIBIC.
Legendas:
  1. Estudante
  2. Orientador
  3. Colaborador