‘’ODIAR O TEATRO’’: DIÁLOGOS ENTRE PERFORMANCE ART E TEATRALIDADES CONTEMPORÂNEAS NA OBRA DE MARINA ABRAMOVIC

INTRODUÇÃO: Marina Abramovic se consolida como uma das pioneiras da performance art a partir da década de 1970 através de performances limites que a colocam em perigo e instigam a relação entre público e artista. Segundo ela, para ser um artista de performance é preciso odiar o teatro, pois no teatro tudo é falso, enquanto a performance, ao contrário, é sobre a realidade. Acontece que sua carreira artística incorpora peças de teatro desde 1980, em um contexto de teatro contemporâneo. A partir disso, o trabalho de Abramovic aponta diálogos possíveis entre teatro a performance art. OBJETIVOS: Objeto geral Analisar as obras de Marina Abramovic relacionando-as com conceitos de teatralidades contemporâneas segundo Erika Fischer-Lichte, Renato Cohen e Matteo Bonfitto. Objetivo específico I. Examinar as obras Biography (1992), Delusional (1994) e 7 Deaths of Maria Callas (2020). II. Identificar aspectos relevantes da biografia de Marina Abramovic. III. Discutir conceitos de teatralidade e performance art de acordo com as obras de Erika Fischer-Lichte, Renato Cohen e Matteo Bonfitto. MATERIAIS E MÉTODO: A pesquisa foi desenvolvida a partir de uma metodologia exploratória-bibliográfica. A primeira etapa realizada foi a revisão de literatura. A segunda etapa consistiu no processo de análise das obras Biography (1992), Delusional (1994) e 7 Deaths of Maria Callas (2020). A última etapa foi de análise de conteúdo, que começou a partir da escolha da categoria de análise: a análise categorial, mapeando conceitos que se interrelacionam nos textos da Erika Fischer-Lichte, Renato Cohen e Matteo Bonfitto, sendo esses: (1) performativo, (2) ordem de presença, (3) evento, (4) teatralidade, (5) personagem e ordem de representação e (6) obra de arte. RESULTADOS: Entendemos, a partir dessa pesquisa, que todos os seis conceitos mapeados aqui pertencem tanto à performance art quanto ao teatro, mesmo que comumente essas características sejam definidas como específicas de cada área. Portanto, ao contrário de um argumento de oposição, ”odiar o teatro”, ambas linguagens se encontram dentro do contexto maior da arte cênica e por isso compartilham dos mesmos aspectos. Dessa forma, um argumento de dicotomia entre essas linguagens é problematizado, já que os mesmos conceitos estão presentes e oscilam apenas em grau ou relevância. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Nossa conclusão é de que teatro e performance art não são opostas, ao contrário, são similares pois fazem parte do contexto maior das artes cênicas. Em suas diferenças, os limites podem ser facilmente ultrapassados, como são nas peças teatrais aqui analisadas. A própria definição de performance por Abramovic, ‘’uma construção física e mental em frente do público e então uma troca de energia acontece’’, abre possibilidades para que tanto o performativo quanto o jogo cênico ocorra. Nenhuma delas foge das interpelações da presença humana, do senso de testemunho e coletividade, da presença dos corpos e das relações criadas.

PALAVRAS-CHAVE: Performance art; Teatro; Teatralidades contemporâneas; Marina Abramovic.