UMA ANÁLISE SOBRE TEORIAS RACIAIS DO FINAL DO SÉCULO XIX E INÍCIO DO XX E SUAS CONSEQUÊNCIAS NA PRÁTICA MÉDICA NA ATUALIDADE: DISCURSOS E IDEOLOGIAS RACIALISTAS NA FORMAÇÃO ACADÊMICA DOS DISCENTES DE MEDICINA.

INTRODUÇÃO: A ideologia eugenista da Europa atingiu o Brasil e outros países daAmérica Latina, permitindo que eugenistas brasileiros expressassem suas ideologias raciais alegando o objetivo de desenvolvimento nacional. Através do racismo científico, a ciência foi uma grande aliada dessa ideologia nesse período. Com isso, a população negra foi vítima de ações e crenças que podem ter deixado seu legado na ciência até os dias atuais, permitindo que comportamentos e ideias racialistas se perpetuem nos campos da ciência, sejam em locais de atuação ou salas de aulas, e interferiram no tratamento médico-paciente da população negra. OBJETIVOS: Pesquisar as consequências das teorias raciais do final do século XIX e início do século XX atualmente na prática médica, nas vivências de estudantes e profissionais negros e
na qualidade de cuidado frente a população negra brasileira MATERIAIS E MÉTODO: A análise levou como base a Hermenêutica da Profundidade do sociólogo John B. Thompson (1995) com seus modos de operação ideológica e suas estratégias típicas.
Em um primeiro momento, analisou-se a base sócio-histórica de negros e negras dentro da medicina através de: a) uma análise sobre aspectos teóricos-conceituais
acerca do racismo e das relações interraciais no Brasil historicamente; b) demonstração de estudos que demonstrem a desigualdade racial e suas consequências na formação de médicos e médicas; e c) análise dos discursos e respostas nas entrevistas realizadas na produção dessa pesquisa. Dentre os modos de operação ideológica evidenciados por Thompson (1995), foi feito uma correlação e percebido modos estratégicos mais perceptíveis nas relações raciais presentes na
área médica. RESULTADOS: Percebeu-se, por fim, a prevalência de um ou mais modos operantes propostos por Thompson (1995) que possam ser correlacionados com algumas atitudes e falas racistas dentro da medicina e no cuidado da saúde da população negra. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Através dessa pesquisa foi possível perceber uma negligência com a saúde da população negra devido a uma falta de ensino do tema em salas de aula, em discussões de casos e entre equipes médicas nos serviços. Além da presença da herança de teorias racialistas dos séculos XIX e XX em ações e falas presenciadas no ambiente estudantil e profissional da medicina.

PALAVRAS-CHAVE: Racismo científico; Medicina; Saúde da população negra; Educação médica