LYGIA FAGUNDES TELLES: “AS HORAS NUAS” (1989) E A ESCRITA DE AUTORIA FEMININA NA REDEMOCRATIZAÇÃO DO BRASIL
INTRODUÇÃO: O presente trabalho, adotando o procedimento bibliográfico como metodologia e o viés explicativo, objetiva realizar a análise das representações de gênero presentes na obra As Horas Nuas, de Lygia Fagundes Telles, publicada pela primeira vez no Brasil em 1989. OBJETIVOS: Por meio do estudo da fonte literária, aqui entendida como histórica, busca-se vislumbrar a reflexão crítica a respeito do posicionamento da autora quanto às relações de gênero e a permanência do patriarcado na sociedade brasileira, especialmente quanto à expressão de seu pensamento sobre as condições de vida das mulheres no período da redemocratização do Brasil. O recorte histórico é marcado pelas consequências da Ditadura Militar e pelas transformações políticas e sociais que redefiniram a sociedade contemporânea, razão pela qual intenciona-se demonstrar como a autora retratou, no romance, as relações travadas entre homens e mulheres naquele período, e de que forma teria utilizado a literatura como forma de resistência para ressignificar o papel das mulheres. MATERIAIS E MÉTODO: Como principais referenciais teóricos dos eixos dos Estudos de Gênero e representações, a pesquisa se apoiou nas elaborações de Joan Scott, Roger Chartier, Pierre Bourdieu e, no campo historiográfico, em Louise A. Tilly, Lilia Schwarcz e Jorge Ferreira, além de outros teóricos. RESULTADOS: Concluiu-se que o silenciamento das mulheres é um aspecto denunciado por Lygia Fagundes Telles em As Horas Nuas, tendo construído a protagonista Rosa Ambrósio e os demais personagens de forma crítica à exclusão do feminino dos espaços públicos e ao esvaziamento das expectativas impostas às mulheres na sociedade hierarquicamente dominada pelos homens, estando atenta às imbricações emergentes na sociedade brasileira recém democratizada. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Através de sua escrita, a autora logrou êxito em explorar diversas temáticas em As Horas Nuas, transcendendo a análise intimista do feminino, inconfundível característica de suas produções, e estando atenta ao contexto social e político do Brasil da década de 1980, bem como às consolidações dos direitos reivindicados pelos movimentos populares, em especial pela vertente feminista.
PALAVRAS-CHAVE: Literatura de autoria feminina; Estudos de gênero; Representações; História e literatura; Redemocratização.