A MULHER NA IMPRENSA PARANAENSE: ELEMENTOS DE EDUCAÇÃO E COMO E PARA QUE SER MULHER (1900-1920)

INTRODUÇÃO: Este estudo analisa representações sobre a mulher na imprensa paranaense nos anos de 1910 e 1930. OBJETIVOS: O proposito foi analisar as representações sobre a mulher contidas em materias publicdas no Jornal Diário da Tarde, nos anos de 1910 e 1920. MATERIAIS E MÉTODO: Os dados foram coletados no site da Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional. RESULTADOS: Os resultados indicam para diferentes representações sobre a mulher nesse tipo de imprensa. Tais representações são veiculadas por meio de distintos modos: propagandas de medicamentos, produtos de beleza feminina, atividades artísticas, anúncios médicos e de ofertas trabalhos (cozinheira, arrumadeira), cigarro, moda; casamento, violência contra a mulher, mulher solteira, fragilidade, delicadeza feminina, produtos de beleza, mulheres na França; balé. Vale dizer que matérias sobre propagandas com foco feminino são bastante repetitivas nas sucessivas edições do jornal. Essas matérias exercem função educativa, por meio das distintas representações que o jornal publica sobre a mulher ao transmitir informações sobre mudanças de comportamentos femininos naqueles tempos. Não há destaque das lutas femininas por direitos apesar de serem citadas. Além disso, o machismo é facilmente observado a partir das piadas contadas e do pouco destaque sobre formação universitária das mulheres – são pouquíssimas formandas em comparação aos homens. Portanto, esse jornal exerce função particular de educação, como veículo de comunicação, ao divulgar modos de representação, portanto, de conceber a mulher naquele momento histórico. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Considero que este trabalho foi longo dadas as condições dos jornais coletados na Hemeroteca Digital. Todavia, apesar dessa dificuldade, foi uma pesquisa proveitosa e que propiciou informações importantes a mulher no início do século XX. A partir das diversas matérias jornalísticas pesquisadas, pode-se observar o mundo patriarcal e machista. O papel da mulher era associado ao de esposa e mãe, mostrando ser exaltada como um elemento fundamental à moral, aos bons costumes e ao progresso da sociedade (Conceição, 2012). Através das propagandas e notícias, fica evidenciado o estereótipo da mulher submissa cuja existência era necessária para a família e criação dos filhos, e sobretudo para a sociedade época. Assim, analisando criticamente, essas representações mostram que a mulher era retratada como alguém inferior e limitada ao espaço doméstico e às obrigações do lar. Embora tenham existido notícias sobre o sufrágio feminino e as lutas feministas – em 1920 – a representação predominante era a de uma mulher cuja existência se atrelava ao desejo masculino e aos padrões sociais, reforçando a desigualdade de gênero e subordinando a mulher à um papel secundário. É válido comentar que, apesar da predominância dos estereótipos citados, há pequenos traços da resistência e busca pela independência feminina nas edições. Há notícias, por exemplo, que mencionam mulheres em busca de empregos, famílias e negócios a procura de moças para trabalho em diferentes funções. Isso evidencia que, mesmo dentro de uma sociedade extremamente patriarcal, muitas mulheres buscavam por espaço no mercado de trabalho. Portanto, esse jornal exerce função particular, como veículo de comunicação, de divulgar modos de conceber, e por isso de construir modos de representações sobre a mulher naquele momento histórico.

PALAVRAS-CHAVE: Mulher; Representações; Diário da Tarde; Propagandas; Educação.