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PERDA E LUTO NO CONTEXTO DA PANDEMIA DE COVID-19: ESTUDO QUANTITATIVO COM FAMILIARES ENLUTADOS

ROSAS, Luciana Soares ¹; ESPERANDIO, Mary Rute Gomes ²
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Curso do(a) Estudante: Psicologia – Escola de Medicina e Ciências da Vida – Câmpus Curitiba, PR.
Curso do(a) Orientador(a): Teologia – Escola de Educação e Humanidades – Câmpus Curitiba, PR.

INTRODUÇÃO: A pandemia de covid-19 transformou a experiência da perda e do processo de luto. A impossibilidade de despedir-se ou de vivenciar os rituais funerários poderiam contribuir para sintomas mal adaptativos do processo de luto. OBJETIVOS: Descrever a experiência de perda e luto no contexto da pandemia de covid-19, identificando a presença de processos complicadores de elaboração do luto devido às circunstâncias presentes durante a pandemia. MATERIAIS E MÉTODO: A pesquisa foi de natureza quantitativa, de tipo survey, corte transversal, exploratória, prospectiva e descritiva. A coleta de dados foi realizada por meio dos seguintes instrumentos: questionário para levantamento de dados sociodemográficos, Inventário de Luto Complicado (ILC), questões especificas sobre os sentimentos de perder alguém durante a pandemia de covid-19 (Burdened by Grief and Loss – BGL), escala WHO-5 de índice de Bem-estar e informações sobre cuidados da equipe de tratamento em relação à pessoa falecida e à pessoa respondente. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Pontifícia Universidade Católica do Paraná  (PUCPR) (parecer nº. 5.356.484). RESULTADOS: Participaram deste estudo 321 pessoas enlutadas, com idade média de 42,6 ± 14,42 [18-80] anos, sendo a maioria do sexo feminino (77,9%). A maior parte das pessoas participantes é da região Sul (64,5%), de pele branca (83,8%) e com pós-graduação e ensino superior completo (76,2%). 49,2% afirmaram ter perdido uma pessoa muito próxima e 25,2% responderam ter uma relação próxima com a pessoa falecida. 205 respondentes (63,9%) afirmaram ter podido visitar pessoalmente a pessoa falecida no local e 204 (61,7%) responderam ter comparecido ao funeral, seja presencial ou virtualmente. 51,4% assinalaram que a pessoa falecida recebeu um bom apoio emocional da equipe de cuidado apesar das circunstâncias difíceis. 31,2% das pessoas participantes afirmaram ter estado ou estar atualmente em acompanhamento psicoterapêutico diretamente relacionado à sua perda. A média do ILC foi de 21,59 ± 15,25 [0-76] e 118 pessoas (36,8%) apresentaram ILC>25, indicativo de sintomas mal adaptativos do processo de luto. A média para a BGL foi de 18,76 ± 0,55 [0-36] e 52 respondentes (16,2%) apresentaram BGL alto (> 29). Para o índice de bem-estar geral (WHO-5), a média geral foi de 13,09 ± 5,97 [0-25]. A correlação entre as variáveis ILC e BGL (rs = ,542 e p<0,01) aponta na direção de que elementos circunstanciais e subjetivos específicos da experiência da perda e do luto durante a pandemia podem indicar um processo mais complicado de elaboração do luto. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Perder alguém em contexto de exceção pode fazer com que uma parte importante das pessoas enlutadas apresentem sintomas mal adaptativos de seus processos de luto. Considerando que no Brasil, o número de mortos na pandemia foi um dos mais altos no mundo, é possível que um número significativo da população esteja vivenciando um momento de maior sofrimento psicossocial relacionado ao luto complicado, o que pode ter outros desdobramentos ainda não dimensionados. Profissionais do cuidado em Saúde em geral, e da Saúde Mental em particular, precisam ter preparo adequado para prover cuidado às pessoas com complicações na elaboração do luto.

PALAVRAS-CHAVE: Luto complicado; Pandemia de covid-19; Transtorno do luto complicado; Saúde mental; Políticas Públicas.

APRESENTAÇÃO EM VÍDEO

Esta pesquisa foi desenvolvida com bolsa CNPq no programa PIBIC.
Legendas:
  1. Estudante
  2. Orientador
  3. Colaborador