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O DRAMA ENTRE A MATÉRIA E O SENTIMENTO: UMA ANÁLISE CULTURAL MATERIALISTA DO GRUPO DE TEATRO TANAHORA

MOTA, Gabrielle Do Rocio Pampu ¹; KRUGER, Caue ²
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Curso do(a) Estudante: Licenciatura Em Ciências Sociais – Escola de Educação e Humanidades – Câmpus Curitiba, PR.
Curso do(a) Orientador(a): Licenciatura Em Ciências Sociais – Escola de Educação e Humanidades – Câmpus Curitiba, PR.

INTRODUÇÃO: O sociólogo galês Raymond Williams desenvolveu importante e influente teoria da cultura, concebida como a soma de sentido dos termos “modo de vida” e “artes e aprendizado”, que representou uma renovação nos estudos culturais marxistas, recusando tanto o conceito conservador de (alta) cultura quanto o conceito marxista ortodoxo, resultado inerte da infraestrutura. Para Williams, cultura é, ao mesmo tempo, produto e produtora das relações sociais no modo de produção capitalista. OBJETIVOS: O propósito desta pesquisa foi o estudo dos textos dramáticos encenados pelo grupo de teatro TANAHORA, entre 1980 a 1999. Os estudos foram feitos a partir da teoria do materialismo cultural de Raymond Williams, com ênfase em seu conceito de estruturas de sentimento. MATERIAIS E MÉTODO: Diversos textos de Raymond Williams foram analisados, bem como de Maria Elisa Cevasco e publicações sobre teatro de Pallottini (1988), Prado (1970) e Magaldi (1989). As pesquisas sobre a história do teatro curitibano e paranaense incidiram sobre obras de Costa (2002) e Neto (2002; 2022) bem como as pesquisas sobre o TANAHORA de Krüger (2022) e outros. Quanto aos textos dramáticos, resgatou-se a dramaturgia do TANAHORA encenada entre 1989 a 1999, composta por peças, algumas, já publicadas, e outras, inéditas. Dedicou-se particular atenção ao “Drama em Cena”, de Raymond Williams, que inspirou este projeto. Os textos dramáticos foram lidos na íntegra, à luz da teoria do materialismo cultural, considerando-se o contexto sócio-político do período de publicação da peça e de sua encenação pelo TANAHORA. RESULTADOS: Foi possível encontrar o espírito aberto do grupo que, mesmo em consonância com os discursos e demandas da classe artística curitibana no período, permitiu-se investigar diferentes formas de apresentação. Em seus primeiros vinte o grupo revela ecletismo, qualidade técnica, o comprometimento dos participantes, a escolha por uma dramaturgia crítica e, acima de tudo, um teatro acessível. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Conclui-se que o grupo encontrava-se alinhado com os discursos e as demandas tanto artísticas quanto político-sociais do período. Peças como Arca de Noé, de Lineu Portela, Aurora da Minha Vida, de Naum Alves de Souza e Bella Ciao, de Luiz Alberto de Abreu, denunciam as diferentes formas que o autoritarismo do Estado impunha-se no cotidiano dos brasileiros. Desventuras de um morto vivo, de Domingos Pellegrini e Gota d’Água, de Chico Buarque e Paulo Pontes, mostram a postura crítica do grupo frente a problemas sociais que, mesmo velhos, começavam novamente ganhar espaço nas demandas dos movimentos populares da década de 1980, como o acesso à saúde e à moradia. Direitos esses que viriam a ser consolidados com a Constituição de 1988, e parcialmente colocados em prática com a criação do SUS (Sistema Único de Saúde) em 1990, e o surgimento e consolidação de movimentos sociais como o MTST (Movimentos dos Trabalhadores Sem-Teto), fundado em 1997. Vê-se a preocupação com a encenação de textos consagrados da dramaturgia brasileira como Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, mas também a abertura para textos de dramaturgos locais e emergentes como Pellegrini, Portela e Costa, em consonância com as demandas da classe artística curitibana da época, como demonstrado por Costa e Neto (2000).

PALAVRAS-CHAVE: Materialismo cultural; Raymond Williams; Grupo de Teatro Tanahora.

APRESENTAÇÃO EM VÍDEO

Esta pesquisa foi desenvolvida com bolsa PUCPR no programa PIBIC.
Legendas:
  1. Estudante
  2. Orientador
  3. Colaborador