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PRESO POLÍTICO X PRESO COMUM: CONSTRUÇÕES NARRATIVAS DAS IMPRENSAS BRASILEIRA E ESTRANGEIRA SOBRE O CASO LULA

NOGUEIRA, Eduardo Veiga ¹; KLENK, Lenise Aubrift ²
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Curso do(a) Estudante: Jornalismo – Escola de Belas Artes – Câmpus Curitiba, PR.
Curso do(a) Orientador(a): Jornalismo – Escola Belas Artes – Câmpus Curitiba, PR.

INTRODUÇÃO: As eleições presidenciais de 2018 foram marcadas pela impugnação da candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva. Condenado a 12 anos de prisão em janeiro do mesmo ano, o ex presidente foi detido três meses depois e cumpriu 580 dias da sentença proferida pelo ex-juiz federal da 13.ª Vara Federal de Curitiba Sérgio Moro, na época à frente dos processos da Operação Lava Jato, que apurava crimes de corrupção e lavagem de dinheiro na Petrobras. Em setembro daquele ano, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) declarou o impedimento de Lula concorrer ao cargo. Mais adiante, inconsistências, irregularidades e parcialidade levaram o STF a anular condenações de Lula. Se alguns veículos jornalísticos, com destaque ao The Intercept Brasil, foram determinantes para um desmonte da imagem pública da Lava Jato, a imprensa foi também um agente decisivo de construção da narrativa de que a investigação seria um patrimônio da República brasileira. O encarceramento e a condução dos processos colocaram em lados opostos dois argumentos. Um deles, de uma prisão política, em uma prática de lawfare, fenômeno que se caracteriza por transformar o sistema de justiça em ferramenta de guerra (Martins; Martins; Valim, 2019). O outro, o de que a prisão do investigado era legal e justa, e que de que o petista era um preso comum. OBJETIVOS: O objetivo da pesquisa é analisar as diferenças na construção narrativa acerca da prisão de Lula nas imprensas nacional e internacional, considerando o período entre a ordem de prisão o encarceramento do réu. O estudo busca compreender se a qualificação da prisão como comum ou política encontra similaridades ou diferenças na cobertura dos veículos analisados. Os objetivos específicos são: 1) examinar as tendências de manipulação na imprensa; 2) identificar tendências de enquadramento nas mídias nacional e internacional quanto ao caso Lula, propondo uma leitura crítica sobre as respectivas abordagens; e 3) compreender o viés editorial da cobertura de cada veículo estudado. MATERIAIS E MÉTODO: A pesquisa adota como metodologia a análise de enquadramento multimodal, segundo modelo proposto por Rizzotto, Prudencio e Sampaio (2017). O método oferece riqueza de dados relativos ao enquadramento e considera aspectos que extrapolam a dimensão meramente textual, levando em conta imagens e técnicas narrativas. O corpus compreende três reportagens do jornal El País e três reportagens do jornal O Estado de São Paulo. RESULTADOS: Este estudo constata uma nítida fragmentação da cobertura em ambos os jornais analisados. Destaca-se também a falta quase completa de causas de problemas, julgamentos e apresentação de soluções, níveis de análise incluídos no enquadramento clássico. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Mais do que indicarem uma resolução ao problema norteador, os resultados da pesquisa forneceram possíveis reflexões sobre um episódio da história brasileira recente que ainda requer aprofundamento. O estudo trabalhou com conceitos ainda carentes de definições mais basilares, trazendo para o diálogo abordagens que compreendem contextos bastante específicos do campo científico, como as significações da prisão política – por meio de perspectivas localizadas na contemporaneidade -, a discussão do conceito de neogolpismo e as urgentes teorias sobre a guerra jurídica.

PALAVRAS-CHAVE: Lula; Prisão política; Lava jato; Lawfare; Neogolpismo.

APRESENTAÇÃO EM VÍDEO

Esta pesquisa foi desenvolvida na modalidade voluntária no programa PIBIC.
Legendas:
  1. Estudante
  2. Orientador
  3. Colaborador