AVALIAÇÃO DA VARIANTE -764 G>C (RS2069707) DO GENE INF-Y EM PACIENTES COM MIGRANEA
INTRODUÇÃO: A migrânea é uma cefaleia primária de elevada prevalência mundial, sendo a terceira principal causa de incapacidade em indivíduos com idade inferior a 50 anos. Apresenta etiologia multifatorial, com significativa influência genética na suscetibilidade e intensidade da sintomatologia manifestada nos pacientes afetados. Em sua fisiopatologia, a concentração de níveis plasmáticos de citocinas inflamatórias, como o interferon-gama (IFN-γ), parece ter grande papel da inflamação neurogênica e do desencadeamento da dor. OBJETIVOS: Avaliar a associação entre a variante genética +874 T> A do IFNG e a suscetibilidade à migrânea, manifestações clínicas e atividade da doença. MATERIAIS E MÉTODO: Estudo retrospectivo do tipo caso-controle composto por 108 indivíduos com idade entre 18 e 60 anos, de ambos os sexos, portadores de migrânea ou controle saudáveis. Os participantes foram triados pelo questionário ID-migraine e, em seguida, responderam a entrevista estruturada sobre as características da enxaqueca, hábitos de vida, dados clínicos, demográficos e antropométricos. Além disso, realizaram questionários validados autoaplicáveis para avaliar os impactos e os fatores associados à doença (MIDAS, HIT-6, STAI Y-1 e Y-2, Inventário de Depressão de Beck, ASC-12 e hiperacusia). O DNA foi extraído pela técnica Salting out a partir de leucócitos de sangue periférico. As variantes genéticas do IFNG foram analisadas por meio de PCR-SSP. Foi realizada análise estatística das variáveis categóricas pelo teste de qui-quadrado ou Exato de Fisher e das variáveis contínuas pelo teste de Mann-Whitney ou teste t de Student, conforme apropriado. A comparação das médias foi feita pelo teste de ANOVA com pós-teste de Bonferroni ou Kruskal-Wallis. Foi considerada diferença estatística quando p < 0,05. RESULTADOS: Foi evidenciado que a presença do alelo T da variante +874 T/A do gene IFNG aumenta em 2,85 vezes a chance do desenvolvimento de migrânea quando comparado ao alelo A (p = 0,001), embora não tenha existido relações significativas entre os genótipos e as características clínicas da enxaqueca. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O gene do IFNG está associado à enxaqueca e a algumas manifestações clínicas da doença, possuindo papel da patogênese e sendo um alvo terapêutico promissor, embora sejam necessários mais estudos sobre o tema.
PALAVRAS-CHAVE: Enxaqueca; Citocinas; Interferon-gama; Polimorfismo genético.