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A RECEITA, DE JORGE ANDRADE, COMO RESPOSTA À QUESTÃO “QUE PENSA VOCÊ DO BRASIL DE HOJE?: PERSPECTIVAS DO TEATRO BRASILEIRO NO CONTEXTO DE RESISTÊNCIA CRÍTICA DE 1968

PAES, Hugo Do Nascimento ¹; PEGINI, Claudia Bellanda ²
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Curso do(a) Estudante: Filosofia – Escola de Educação e Humanidades – Câmpus Maringá, PR.
Curso do(a) Orientador(a): Filosofia – Câmpus Maringá, PR.

INTRODUÇÃO: Em 1968, o Teatro de Arena de São Paulo marcou a história da produção teatral de cunho político com o evento multiartístico denominado I Feira Paulista de Opinião. Dentre os dramaturgos que integraram o levante está Jorge Andrade, figura fundamental da consolidação do teatro brasileiro no século XX e artista que, até então, não integrava o corpo de autores de peças do Arena. Sua participação na Feira se liga às emergências do contexto da ditadura civil-militar no Brasil, momento em que agremiações de artistas em ações de resistência se tornam mais frequentes para resistir ao cerceamento dos órgãos de censura à liberdade de expressão. OBJETIVOS: O objetivo do presente estudo é analisar a peça A Receita, de Jorge Andrade, apresentando como o dramaturgo respondeu à questão lançada pela I Feira de Opinião: “O que pensa você do Brasil hoje?”. A resposta artística de Andrade explora, em sua trama, o abismo social existente entre um jovem médico e uma família miserável em meio ao adoecimento do filho detentor da maior força de trabalho do grupo, uma situação limite geradora de forte tensão dramática. MATERIAIS E MÉTODO: O processo de análise da peça envolve o tratamento das contradições existentes no campo estético e político da produção teatral do período. Para tanto, são interpretadas: as relações entre as personagens; a sequência dramática; bem como os dados históricos e simbólicos à luz do materialismo-dialético de Walter Benjamin, das teorias do teatro épico de Bertolt Brecht e dos referenciais de análise de Anatol Rosenfeld. RESULTADOS: Os resultados evidenciam que o cerco da censura às artes no governo civil-militar resultou em atos de resistência artística, inclusive em forma de espetáculos coletivos, agregando criadores que não participavam de teatros de grupo, como Jorge Andrade. A colaboração do dramaturgo denuncia uma realidade de subdesenvolvimento nacional e de despreparo dos profissionais da elite para lidar com esse fato. Reforça, também, o papel do teatro como ferramenta de reflexão e denúncia das injustiças sociais, destacando a relevância contínua da obra de Andrade na compreensão do passado e do presente nacional. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A abordagem das tensões históricas no fim dos anos 1960 e o estudo das produções teatrais do período conduzem à afirmação de que o palco do Teatro de Arena de São Paulo extrapolou os limites de atuação estética. Trata-se de um espaço de acolhida de artistas, inclusive Jorge Andrade, de debates sobre a relação entre arte e sociedade, de denúncia das desigualdades latentes na estrutura social do país, e de ação estética coletiva para a representação de convites ao pensamento crítico e a mudanças na ordem social existente.

PALAVRAS-CHAVE: Teatro político; I Feira Paulista de Opinião; 1968; A Receita; Jorge Andrade.

APRESENTAÇÃO EM VÍDEO

Esta pesquisa foi desenvolvida com bolsa da Fundação Araucária e da Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, no programa PIBIC.
Legendas:
  1. Estudante
  2. Orientador
  3. Colaborador