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A MICROPOLÍTICA DO MICROTRABALHO: UMA REVISÃO DE LITERATURA

VANZO, Laura Chiconelli ¹; MELO, Thainara Granero De ²
Curso do(a) Estudante: Psicologia – Escola de Medicina e Ciências da Vida – Câmpus Curitiba
Curso do(a) Orientador(a): Psicologia – Escola de Medicina e Ciências da Vida – Câmpus Curitiba

INTRODUÇÃO: O presente relatório apresenta os resultados de uma pesquisa sobre o cenário do microtrabalho no Brasil e no mundo. Definido como um tipo de tarefa repetitiva que produz dados para a inteligência artificial e intermediada por plataformas digitais, o microtrabalho é uma das múltiplas formas de plataformização do trabalho. Esse fenômeno apresenta como desafio a desigualdade, a invisibilização e a precarização dos/as trabalhadores/as, especialmente no Sul Global. No Brasil, o microtrabalho é sub-representado nos estudos, como as táticas e estratégias cotidianas de resistência dos/as trabalhadores/as são pouco compreendidas. Além que a literatura também não respondeu ainda é: de que maneira trabalhadores e trabalhadores brasileiros vivenciam subjetivamente este processo? OBJETIVOS: O objetivo geral do estudo é caracterizar, a partir da literatura, as estratégias micropolíticas de organização dos trabalhadores no cenário do microtrabalho mundial, comparando-as e identificando similaridades e particularidades da produção bibliográfica brasileira. Para avançar nessa compreensão, recorre-se à perspectiva da Psicologia Social do Trabalho e dois conceitos auxiliares: a noção de micropolítica dos afetos tristes, uma das formas contemporâneas de controle social da subjetividade, integrada às formas de exploração do neoliberalismo; e a de sustentabilidade afetiva, indicando formas de sustentação dos afetos vividos e que dão passagem às relações de aliança, acolhimento e solidariedade entrelaçadas à organização dos trabalhadores. MATERIAIS E MÉTODO: Metodologicamente, a pesquisa baseou-se no método de revisão narrativa da literatura sobre microtrabalho, partindo de uma perspectiva qualitativa dos Estudos de Plataforma (D’Andrea, 2020, p. 14). Foi conduzido um amplo rastreamento nas bases de dados (periódicos, livros e documentos) sobre as controvérsias em torno da plataformização e do microtrabalho, seus processos históricos, transformações econômicas, políticas, sociais e distintas territorialidades. Foram selecionados 25 trabalhos, organizados pelo modelo de Conceptual Framing para a definição de eixos temáticos, e analisados à luz dos conceitos de afetos tristes e sustentabilidades afetivas. RESULTADOS: A pesquisa resultou na identificação de eixos que retratam o cenário do microtrabalho e das estratégias de organização: (1) o contexto sócio-histórico e político de precarização do trabalho e o neoliberalismo; (2) as peculiaridades da plataformização como parte da precarização; (3) as similaridades e diferenças do microtrabalho no Brasil e no mundo; (4) as dimensões territoriais, coloniais e interseccionais do microtrabalho; (5) a heteromação e o gerencialismo; (6) o isolamento dos trabalhadores. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Conclui-se que os achados da literatura reforçam a correlação entre a plataformização, o microtrabalho e o neoliberalismo, evidenciando as fragilidades enfrentadas pelos trabalhadores em seus esforços de resistência, cujas estratégias e vínculos ainda são incipientes e frágeis. Entende-se que as formas complexas de produção de subjetividade, articulados ao microtrabalho, ao invisibilizarem a dimensão material do trabalho e ao dificultarem, ainda mais, a interação humana, resultam em processos micropolíticos de controle e exploração que merecem ser melhor estudados futuramente.

PALAVRAS-CHAVE: 1. Microtrabalho; 2. Psicologia Social do Trabalho; 3. Neoliberalismo; 4. Micropolítica; 5. Afetos.

APRESENTAÇÃO EM VÍDEO

Legendas:
  1. Estudante
  2. Orientador
  3. Colaborador
Esta pesquisa foi desenvolvida com bolsa PUCPR no programa PIBIC.