PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS AO CONSUMO DE AÇÚCAR POR BEBÊS DE 2 ANOS DA REDE MÃE CURITIBANA VALE A VIDA

INTRODUÇÃO: A inclusão de açúcar na rotina alimentar de crianças deve ser postergada ao máximo, pois esse período é fundamental na construção dos hábitos alimentares que podem perdurar pela vida do indivíduo. A introdução precoce de açúcares pode levar ao aumento de doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes, obesidade, doenças cardíacas e cárie dentária, além de comprometer o crescimento saudável durante os primeiros 1000 dias de vida. OBJETIVOS: Investigar a prevalência e os fatores associados ao consumo de açúcar por bebês da Rede Mãe Curitibana Vale a Vida de 2 anos de vida. MATERIAIS E MÉTODO: Este estudo transversal é aninhado à Coorte de Saúde Materno Infantil de Curitiba (COOSMIC), que acompanha gestantes e seus filhos que realizaram o pré-natal na rede pública de Curitiba, desde a gestação até os 2 anos de vida da criança. A amostra foi composta por 110 mães e seus bebês. Foram selecionadas variáveis dos seguimentos pré-natal, perinatal, 6 meses e 2 anos da criança, sendo elas relacionadas aos fatores demográficos e socioeconômicos, ao contexto e ao consumo alimentar da criança. A variável desfecho foi o consumo de guloseimas (balas, chicletes, pirulitos, chocolate). Para a análise dos dados utilizou-se de estatística descritiva para caracterização da amostra e o teste qui-quadrado associado ao método de Bonferroni para verificar as associações do consumo de guloseimas com as variáveis estudadas (p<0,05). As análises foram realizadas no software SPSS (versão 25.0). RESULTADOS: Foi encontrado que 93,60% já tinham recebido açúcar, sendo que os alimentos e bebidas mais consumidos foram iogurte com sabor (58,7%), guloseimas (48,6%) e suco artificial (45,4%). Crianças cujas mães trabalhavam fora consumiam mais guloseimas (p=0,008). A presença dos pais como principais cuidadores foi associada a um menor consumo de guloseimas (p=0,014). Crianças que consumiam alimentos ultraprocessados salgados também consumiam mais guloseimas (p≤0,001). CONSIDERAÇÕES FINAIS: Este estudo encontrou uma prevalência de 93,6% de consumo de açúcares entre crianças de 2 anos de idade, sendo que a maioria eram guloseimas, iogurte e sucos artificiais. Foram associados ao consumo de guloseimas o fato de os pais serem os principais responsáveis por cuidar e alimentar a criança, a mãe trabalhar fora e o consumo de ultraprocessados salgados. Esses achados destacam a influência das características sociodemográficas das mães e do contexto do dia a dia das crianças nos hábitos alimentares, particularmente no consumo de açúcar e alimentos ultraprocessados.

PALAVRAS-CHAVE: introdução alimentar; primeiros 1000 dias de vida; açúcar