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PERDA E LUTO NO CONTEXTO DE PÓS-PANDEMIA DE COVID-19: ESTUDO QUANTITATIVO COM FAMILIARES ENLUTADOS

ROSAS, Luciana Soares ¹; ESPERANDIO, Mary Rute Gomes ²
Curso do(a) Estudante: Psicologia – Escola de Medicina e Ciências da Vida – Câmpus Curitiba
Curso do(a) Orientador(a): Teologia – Escola de Educação e Humanidades – Câmpus Curitiba

INTRODUÇÃO: Pesquisas demonstram que a prevalência do Transtorno de Luto Prolongado (TLP) é de aproximadamente 10% entre as pessoas enlutadas. A pandemia de COVID-19, ao transformar profundamente a experiência de luto, poderia contribuir para o aumento dessa prevalência no pós-pandemia, ocasionando impactos nos níveis de bem-estar geral da população. OBJETIVOS: Analisar a experiência do luto por morte durante a pandemia de COVID-19 e seus possíveis impactos no pós-pandemia. MATERIAIS E MÉTODO: Pesquisa de natureza quantitativa, de tipo survey, corte transversal, exploratória e descritiva. Instrumentos utilizados: Questionário para levantamento de Dados Sociodemográficos; perguntas sobre a experiência do luto; a Escala de Luto Prolongado. RESULTADOS: Compõem os resultados desse estudo as respostas de 283 pessoas enlutadas durante a pandemia de COVID-19, com média de idade de 37,44 anos (DP=13,96 Mediana=35,00 Mínimo=18 Máximo=74). A média geral do escore da escala de luto prolongado revisada (PG-13-R) foi de 23,31 (DP=9,016 Mediana=21,00 Mínimo=10 Máximo=49) e 77 respondentes (27,21%) apresentaram escore maior ou igual a 30, o que pode ser indicativo de luto prolongado. Houve diferenças marginalmente significativas nas médias da PG-13-R quando comparadas as causas da morte da pessoa falecida (Kruskal-Wallis x² = 7,436 p = 0,059): por COVID-19 e suas complicações comparada com mortes naturais (U = 4.410,5 p = 0,041); e mortes por COVID-19 e complicações e outras causas de morte (U =2.411,0 p = 0,026), para as demais não houve diferença significativa (p > 0,248). A média do escore da escala de bem-estar geral (WHO-5) foi de 13,39 (DP=5,293 Mediana=14,00 Mínimo=0 Máximo=25) e 120 respondentes (42,40%) apresentaram escore menor ou igual a 12, o que sinaliza um nível de sofrimento geral significativo. As variáveis PG-13-R e WHO-5 normalizadas (LOG10) apresentaram correlação negativa moderada e significativa (r= -0,401 p<0,001 / R² = 0,161 F(1,281) = 53,763 constante = 1,807 B = -0,543 r= -0,401). CONSIDERAÇÕES FINAIS: O sofrimento da pessoa enlutada pode não diminuir com a passagem do tempo, especialmente ao se considerar o contexto de pandemia. Considerando que o Brasil ocupou o segundo lugar no ranking dos países com maior número de óbitos por COVID-19 no mundo, é possível que um número significativo da população esteja vivenciando um momento de maior sofrimento psicossocial relacionado ao luto, com impacto no bem-estar geral percebido. Em tempos de luto coletivo, a melhor compreensão dos impactos do luto nos pós-pandemia para o contexto brasileiro é uma contribuição significativa para o desenvolvimento de Políticas Públicas que objetivem a promoção da dignidade e alívio do sofrimento dessa população.

PALAVRAS-CHAVE: Transtorno de Luto Prolongado; COVID-19; Pandemia; Saúde Mental; Políticas Públicas

APRESENTAÇÃO EM VÍDEO

Legendas:
  1. Estudante
  2. Orientador
  3. Colaborador
Esta pesquisa foi desenvolvida com bolsa CNPq no programa PIBIC.