ANÁLISE DO COMPORTAMENTO E DESEMPENHO DE COELHAS F2 APÓS ENRIQUECIMENTO AMBIENTAL DAS AVÓS PROGENITORAS DURANTE O PRÉ E PÓS NATAL

INTRODUÇÃO: As experiências intrauterinas do início da vida dos animais podem impactar significativamente o comportamento futuro, alterando o fenótipo por meio de heranças epigenéticas. OBJETIVOS: Este estudo teve como objetivo avaliar os efeitos do enriquecimento ambiental durante as fases pré-natal e pós-natal em fêmeas F1, analisando o comportamento e desempenho dessas fêmeas após suas mães (F0) serem alojadas em gaiolas enriquecidas ou convencionais. MATERIAIS E MÉTODO: Foram utilizadas 16 coelhas multíparas da raça Nova Zelândia, divididas em quatro grupos baseados nos períodos de gestação e lactação, sendo: enriquecido-enriquecido, enriquecido-convencional, convencional-enriquecido e convencional-convencional. As coelhas foram alojadas individualmente em cada tratamento, de forma aleatória, após a confirmação da gestação por ultrassom no 10º dia após a cópula. No 28º dia de gestação foram transferidas para as gaiolas correspondentes ao seu tratamento (lactação). As gaiolas convencionais mediam 80x60x40 cm, enquanto as enriquecidas eram oito vezes maiores, possuindo áreas de esconderijo, plataformas para descanso, espaço para ficarem em pé e uma caixa com maravalha. Os filhotes foram pesados ao nascimento, no desmame e nos dias dos testes. Além do peso foram avaliados o número de filhotes nascidos e o número de filhotes desmamados por ninhada. Os filhotes foram desmamados e duas fêmeas, da mesma ninhada, foram transferidas para gaiolas convencionais no 35º dia de vida. Aos 90 dias, uma dupla de cada ninhada foi selecionada aleatoriamente para testes comportamentais, que incluíram: arena aberta (2 minutos de duração para avaliar exploração, tempo parado, comportamentos lúdicos e estado de alerta), novo objeto (3 minutos de duração para avaliar latência, frequência de toque e tempo de interação), reconhecimento de novo objeto (3 minutos de duração para analisar a preferência entre um objeto antigo e um novo) e interações sociais (5 minutos de duração, registrando latência e frequência de contato, interações negativas, tentativas de monta e batidas de pé). Os testes foram conduzidos individualmente em uma arena de 4 m², realizados em intervalos de 24 horas, gravados e analisados por dois observadores treinados. Os comportamentos observados foram analisados através do programa RStudio. RESULTADOS: As coelhas submetidas ao tratamento Enriquecido-Enriquecido apresentaram menor quantidade de filhotes nascidos (p=0,038) quando comparadas às coelhas criadas em condições convencionais-convencionais. No teste de interação social, o grupo Convencional-Enriquecido apresentou maior ocorrência de brigas em comparação ao grupo Convencional-Convencional (p = 0,0032). No teste de reconhecimento de novo objeto, o grupo Enriquecido-Convencional exibiu menor latência (p = 0,029) em comparação ao grupo Convencional-Convencional, enquanto o grupo Enriquecido-Enriquecido mostrou maior interação com o novo objeto (p = 0,0447) em relação ao grupo Convencional-Convencional. Durante o teste de arena aberta, o grupo Enriquecido-Convencional produziu mais vocalizações (p < 0,01) em comparação ao grupo Convencional-Convencional. Adicionalmente, no teste de novo objeto, o grupo Enriquecido-Convencional demonstrou uma maior quantidade de bateções de patas (p < 0,01) em comparação ao grupo Convencional-Convencional. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Portanto, o estudo evidencia a eficiência de gaiolas enriquecidas, durante a gestação e lactação de coelhas, no comportamento da prole, sugerindo que o ambiente pré-natal e pós-natal influencia no desenvolvimento comportamental da prole.

PALAVRAS-CHAVE: 1.Epigenética; 2. Gaiolas enriquecidas; 3. Bem-estar animal.