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INVISIBILIDADE DA MULHER CISGÊNERO HOMOSSEXUAL NO ATENDIMENTO GINECOLÓGICO

RUTHES, Heloisa ¹; FRAGA, Fernanda Schier De ²
Curso do(a) Estudante: Medicina – Escola de Medicina e Ciências da Vida – Câmpus Curitiba
Curso do(a) Orientador(a): Medicina – Escola de Medicina e Ciências da Vida – Câmpus Curitiba

INTRODUÇÃO: A prática da heterossexualidade compulsória consiste em pressupor a heterossexualidade durante o atendimento ginecológico de uma mulher cisgênero, não reconhecendo e não questionando-a sobre a possibilidade da existência lésbica ou bissexual, o que influencia diretamente no atendimento e na relação médico-paciente. OBJETIVOS: Enumerar as principais demandas das mulheres cisgênero homo e bissexuais no atendimento ginecológico, seja ele realizado no Sistema Único de Saúde ou em clínicas e consultórios particulares, além de esclarecer os principais desafios enfrentados por essa população no estabelecimento da relação médico-paciente. MATERIAIS E MÉTODO: Mulheres cisgênero homo e bissexuais responderam a um formulário online sobre seu perfil e experiências pessoais em atendimentos ginecológicos. As respostas foram analisadas e descritas neste estudo. O link para preenchimento do formulário juntamente com a explicação sobre a finalidade do projeto foi compartilhado por meio das redes sociais pelas autoras do projeto, e entre as participantes. RESULTADOS: A pesquisa contou com 44 mulheres cisgênero, 45,5% entre 25 e 34 anos, e 31,8% entre 18 e 24 anos, em sua maioria homossexuais (65,9%). Na análise foram excluídas mulheres hetero e pansexuais, totalizando 40 mulheres que buscam atendimento ginecológico no serviço privado (45%), público (25%) ou ambos (30%). 87,5% (n: 35) das participantes não têm o hábito de utilizarem preservativos em suas relações sexuais, sendo que, 75% (n: 30), realizam ambas as práticas (com e sem penetração) sem proteção. 92,5% das pacientes (n: 37) não foram questionadas pelos profissionais a respeito de sua orientação sexual, pressupondo que eram heterossexuais. 82,5% (n: 33) das pacientes se sentiram constrangidas, ofendidas, ou ocultaram informações devido a abordagem utilizada. 62,5% (n: 25) referem que o médico realizou exame preventivo de câncer de colo de útero, 12,5% (n: 5) receberam orientações sobre prevenção de IST’s, 12,5% (n: 5) receberam orientações sobre a vacina do HPV e 5% (n: 2) receberam orientações sobre métodos de proteção para um sexo seguro oral e entre vulvas. Nesse contexto, estudo realizado na Argentina sobre as condições de saúde de mulheres homo e bissexuais afirmou que três dos principais problemas de acesso à saúde dessa população estão diretamente vinculados ao caráter heteronormativo da consulta: invisibilidade das práticas homoeróticas femininas; a informação precária fornecida a essas mulheres somada a mitos e preconceitos; além da ocultação da orientação sexual atrelada ao fatores previamente citados. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A heterossexualidade compulsória, atrelada à falta de informação e interesse dos médicos a respeito da sexualidade de mulheres que fazem sexo com mulheres, prejudica integralmente o atendimento à saúde ginecológica prestado a essa população. Esse prejuízo apresenta-se nas falhas em promoção de saúde, meios de prevenção, realização de consultas clínicas direcionadas às peculiaridades da diversidade sexual, e criação de um ambiente acolhedor para suas demandas e para livre expressão de sua orientação sexual.

PALAVRAS-CHAVE: 1. Ginecológico; 2. Sexualidade; 3. Homossexual 4. Bissexual; 5. LGBTQIAP+.

APRESENTAÇÃO EM VÍDEO

Legendas:
  1. Estudante
  2. Orientador
  3. Colaborador
Esta pesquisa foi desenvolvida na modalidade voluntária no programa PIBIC.