CLOREVAN: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DE UM CURATIVO IMPREGNADO COM CLOREXIDINA E VANCOMICINA PARA PREVENÇÃO DE INFECÇÕES RELACIONADAS A CATETER VENOSO CENTRAL

INTRODUÇÃO: O uso do cateter venoso central (CVC) em pacientes críticos nas unidades de terapia intensiva (UTI) é essencial para o monitoramento especializado e administração de drogas vasoativas que não podem ser administradas via acesso venoso periférico. O CVC é crucial para a reidratação rápida, uso de medicamentos vasoativos, monitoramento hemodinâmico e suporte nutricional parenteral. No entanto, o CVC também está associado a infecções da corrente sanguínea (CRBSI), que podem causar sepse, endocardite, embolização séptica e até morte, além de aumentar o uso de antimicrobianos e os custos dos serviços de saúde. OBJETIVOS: Este estudo busca avaliar as taxas de CRBSI em diferentes hospitais, analisar a eficácia das estratégias preventivas existentes e apresentar o desenvolvimento de um novo curativo, impregnado com clorexidina e vancomicina, para reduzir as taxas de infecção. MATERIAIS E MÉTODO: Diversas práticas preventivas, como higiene das mãos e antissepsia da pele, são implementadas para reduzir CRBSIs. A clorexidina tem se destacado na prevenção de CRBSIs, comprovada em diversas aplicações por estudos e meta-análises. Para enfrentar os desafios de custo, o Laboratório de Doenças Infecciosas (LEID) da Pontifícia Universidade Católica do Paraná desenvolveu o CLOREVAN, um curativo com clorexidina 4% e vancomicina, projetado para ser mais economicamente acessível. RESULTADOS: No estudo, foram analisados 516 pacientes, sendo 333 homens e 183 mulheres, com 263 recebendo curativo impregnado com clorexidina e vancomicina (CLOREVAN) e 253 com curativo padrão (CONTROLE). A mediana de idade foi de 63 anos para o grupo CLOREVAN e 58 anos para o grupo CONTROLE, com tempo médio de permanência na UTI de 12 dias e 10 dias, respectivamente. As principais causas de internação incluíram politraumatismo com TCE (22,8%) e condições cardiovasculares (21,7%). O desfecho de óbito ocorreu em 44,5% dos pacientes. A maioria teve acesso venoso pela jugular (321 pacientes). A retirada do cateter central venoso (CVC) foi, predominantemente, realizada por desinvasão (478 pacientes). Dos 40 pacientes que realizaram hemocultura, 30 (75%) apresentaram resultados positivos para infecção. Entre os 516 casos, 484 não apresentaram infecção e 32 (6,2%) tiveram infecção. Análises estatísticas não mostraram associação significativa entre o tipo de curativo e a ocorrência de infecção (p > 0,05). A razão de chances para infecção entre os grupos foi de 0,840, indicando que não houve diferença relevante no risco entre os curativos utilizados. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Este estudo não encontrou diferenças estatisticamente significativas nas taxas de CRBSIs entre o uso de curativo impregnado com clorexidina e vancomicina (CLOREVAN) e o curativo padrão. Apesar da eficácia antimicrobiana do CLOREVAN comprovada in vitro, os achados sugerem que as intervenções padrão têm um papel crucial na prevenção de infecções. Recomenda-se mais pesquisa para investigar a eficácia em subgrupos específicos e ressaltar a importância de medidas padrão de prevenção de infecção em ambientes de UTI.

PALAVRAS-CHAVE: 1 Cateter venoso central; 2 CRBSI (infecção da corrente sanguínea); 3 Clorexidina; 4 CLOREVAN; 5 Prevenção