COMPREENDENDO A VIVÊNCIA DA SEXUALIDADE DA MULHER IDOSA

INTRODUÇÃO: Sexualidade é movimento de energia psíquica, apontando sempre para um sentido simbólico e um Eros que contata o indivíduo com o seu inconsciente. Para entender os seus símbolos, contudo, é preciso ampliá-lo no contexto histórico-cultural da atualidade patriarcal e predominantemente judaico-cristã, moldado por discursos enrijecidos em torno dos papeis sociais esperados da mulher e do homem. OBJETIVOS: . Objetivos. O objetivo do presente trabalho foi escutar e analisar a narrativa de mulheres idosas em torno das suas vivências da sexualidade MATERIAIS E MÉTODO: Métodos. Foi divulgado um questionário via Google Forms em grupos de redes sociais para idosas e utilizado o método do processamento simbólico arquetípico para análise dos dados RESULTADOS: Resultados. O número de participantes foi 3 mulheres entre 60 e 74 anos, heterossexuais e de religião católica. As percepções em torno da função da sexualidade na vida da mulher variaram entre o prazer erótico e o afeto e carinho com o parceiro. Autoconhecimento, autocuidado, sensualidade e troca de carinhos com o parceiro, sem que a relação seja necessariamente levada até o final, apareceram como formas com as quais as participantes expressam a sexualidade. A velhice surgiu como fator limitante dessa expressão. A redução da libido com a idade foi percebida por duas participantes, e uma delas a correlacionou com a menopausa, declarando que após os 60 anos sentiu expressiva redução da sua atividade sexual. Além da baixa libido, frustração com o ato sexual e realizá-lo sem desejo também apareceram nas respostas CONSIDERAÇÕES FINAIS: Conclusão. Foram traçadas duas unidades de significado em torno dos dados: Impasses da vivência da sexualidade nos relacionamentos afetivos; Perspectivas para as expressões da sexualidade da mulher idosa. Concluiu-se que o papel social historicamente ensinado e costurado à identidade da mulher, que atrela o seu sexo à afetividade e ao recato, em contraste com o erotismo e a virilidade esperados da sexualidade masculina, está intrincado nos impasses vividos com o parceiro no ato sexual. Levantou-se a hipótese de que a falta de libido se manifesta de forma compensatória ao grande dispêndio de energia psíquica das mulheres com outras tarefas socialmente atreladas à sua identidade, como o cuidado do lar e dos filhos. O significado histórico-cultural da menopausa, entendida como um momento de infertilidade e perda, também foi relacionado à falta de libido. Por fim, discorreu-se sobre a necessidade de novos exemplos da cultura para a emancipação psicológica da mulher idosa e traçou-se perspectivas para os novos sentidos a serem construídos em torno da sua sexualidade.

PALAVRAS-CHAVE: Psicologia Analítica; Velhice; Sexualidade