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DISCUSSÕES DO PERSPECTIVISMO A PARTIR DOS POVOS INDÍGENAS DO PARANÁ: O CHOQUE CULTURAL ENTRE NATIVOS E BRASILEIROS

PRESTES, Dara Beatriz Valadares ¹; RADVANSKEI, Iziquel Antonio ²
Curso do(a) Estudante: Direito – Escola de Direito – Câmpus Curitiba
Curso do(a) Orientador(a): Filosofia – Escola de Educação e Humanidades – Câmpus Curitiba

INTRODUÇÃO: O perspectivismo ameríndio aborda as diferentes cosmovisões presentes nas sociedades indígenas brasileiras. Termo cunhado por Viveiros de Castro, o perspectivismo é utilizado neste trabalho para delimitar as disparidades presentes nas populações indígenas e brasileiras, as quais se manifestam radicalmente diferentes uma da outra, embora coexistam há muito tempo. OBJETIVOS: A partir deste pensamento, buscou-se a origem da rivalidade presente entre esses dois povos, a causa do desaparecimento cultural indígena, do genocídio e qual a posição do Estado e do sistema judiciário ante ao esbulho de terra indígena, de modo a identificar as principais ameaças enfrentadas por eles e que dificultam não só a preservação de seus territórios, como também a continuidade da cultura e do próprio povo. MATERIAIS E MÉTODO: Para isto, foi utilizado o método de revisão bibliográfica, sendo obtida uma coleta de dados a partir de artigos, livros e periódicos sobre o mesmo tema. Partindo, então, de uma análise qualitativa das legislações vigentes, discorrendo sobre a relação interpessoal e social do indígena com a terra e com os demais povos, dialogando também sobre perspectivismo ameríndio. RESULTADOS: À vista disso, foi possível delinear as diferentes cosmovisões, concluindo-se que o indígena enxerga a terra como um ser vivo dotado de alma, enquanto os brasileiros, herdeiros de uma cultura europeia permeada de capitalismo e desvalorização do ser humano, a enxerga apenas como propriedade de onde se pode tirar proveitos até à escassez. Ademais, verificou-se que, por conta da cultura europeia presente na cultura brasileira, a principal ameaça aos povos indígenas e seus territórios eram o povo que consideravam inimigo, isto é, os próprios brasileiros, que tal qual aconteceu de muitos países europeus invadirem e escravizarem pessoas de outros territórios, ao longo do tempo, consolidou-se no pensamento brasileiro o direito à terra por nascença, acreditando-se que o decurso do tempo retira dos indígenas os direito originais sobre a terra que, historicamente, ocupam, tese defendida por diversas decisões embasadas no marco temporal. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A partir dos resultados obtidos, foi possível concluir que o esbulho da terra se consolida a cada dia mediante determinações judiciais, onde o juiz, ao decidir sobre a posse indígena sobre determinado território, ratifica e concorda com a tomada da terra por esbulhadores, para isso, embasando-se em razões fracas e na tese do marco temporal. Sendo as perspectivas brasileiras e indígenas sobre a terra, pessoas e animais extremamente diferentes, é cada dia mais difícil para os povos originários manterem sua cultura e ancestralidade, sendo forçadamente integrados à sociedade e cultura brasileira em nome da subsistência. Muitos desses povos, de troncos linguísticos e etnias diferentes, passaram a conviver juntos por causa da usurpação de suas terras, não tendo para onde ir. O próprio Estado, muitas vezes, foi quem forçou essa coexistência. Conclui-se esse trabalho sem culpados pela história, mas com anseio de medidas justas ante às consequências dos ataques aos indígenas que hoje ainda os afetam grandemente, de modo a equilibrar a balança que sempre pendeu para o lado historicamente mais forte.

PALAVRAS-CHAVE: Perspectivismo-ameríndio; Marco-temporal; Renitente-esbulho; Demarcação; Indígenas

APRESENTAÇÃO EM VÍDEO

Legendas:
  1. Estudante
  2. Orientador
  3. Colaborador
Esta pesquisa foi desenvolvida com bolsa Fundação Araucária no programa PIBIC.