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INCLUIR PARA PERMANECER: REALIDADE E DESAFIOS NA VIVÊNCIA DE ESTUDANTES COM DEFICIÊNCIA NA UNIVERSIDADE PRIVADA

MARRA, Laura Andrade ¹; GARCIA, Wallisten Passos ²
Curso do(a) Estudante: Psicologia – Escola de Medicina e Ciências da Vida – Câmpus Curitiba
Curso do(a) Orientador(a): Psicologia – Escola de Medicina e Ciências da Vida – Câmpus Curitiba

INTRODUÇÃO: Estatísticas indicam grande discrepância entre o número de estudantes com deficiência ingressantes e concluintes de seus cursos de graduação, evidenciando um cenário de exclusão no Ensino Superior. Para além das estatísticas, é produtivo compreender a realidade de inclusão desses estudantes a partir de suas próprias perspectivas. OBJETIVOS: Objetivou-se analisar as vivências de inclusão/exclusão de estudantes com deficiência no ensino superior. MATERIAIS E MÉTODO: Foram entrevistadas cinco estudantes de uma universidade privada de Curitiba: duas surdas/com deficiência auditiva, duas com deficiência física e um com TEA, sendo apenas esse do sexo masculino. Utilizou-se da análise do discurso bakhtiniana para compreensão das suas vivências. RESULTADOS: Os resultados revelam os impactos subjetivos da sensação de (in)visibilidade dos estudantes com deficiência na universidade. Os depoimentos dos participantes mostram que o estigma associado à deficiência causa sofrimento e prejudica o sentimento de pertencimento e a permanência acadêmica. A deficiência invisível também contribui para a sensação de exclusão e invisibilidade, dificultando o reconhecimento e a adequação às necessidades específicas desses estudantes. As limitações de acessibilidade arquitetônica, em diferentes espaços nas universidades, foi um fator crítico identificado, com relatos de falta de infraestrutura plenamente efetivas. Além disso, a afetividade nas relações professor-estudante surgiu como um aspecto importante para a inclusão, destacando que a qualidade das interações e a atitude dos professores podem influenciar significativamente o engajamento e a permanência dos estudantes com deficiência. Em contrapartida, foram relatadas diversas situações de preconceito e exclusão nas relações interpessoais com colegas, professores e demais profissionais, baseadas em estigmas, estereótipos e presunções limitantes sobre as condições de aprendizagem e desenvolvimento desses estudantes. Em interface com a interseccionalidade, as participantes relataram situações de violência e preconceito por serem mulheres com deficiência. Discute-se que as barreiras enfrentadas pelas PcD estão relacionadas a posturas capacitistas, resultantes de um modelo de compreensão biomédica da deficiência, que hierarquiza as pessoas com base na funcionalidade de seus corpos avaliando suas capacidades a partir desse referencial. Destaca-se a relevância de compreender a deficiência a partir de um modelo social, em que a deficiência é uma categoria de análise que, na interseccionalidade, produz discriminação e opressão. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O sofrimento ético-político enfrentado por estudantes com deficiência exige uma reavaliação das práticas institucionais, com foco na acessibilidade, representatividade e ética do cuidado. A universidade deve atuar proativamente para garantir que todos os estudantes possam participar plenamente da vida acadêmica e se sentir incluídos e valorizados. Para tanto, deve-se refletir sobre os saberes e fazeres pedagógicos e de mudanças institucionais que garantam a plena participação social das PcD nas universidades, considerando sua individualidade e (re)criando programas institucionais comprometidos com o paradigma da inclusão, extinguindo práticas excludentes e discriminatórias. Conclui-se que a universidade deve promover uma mudança cultural significativa para superar o preconceito arraigado, visto que a universidade é um reflexo da sociedade, mas os processos educativos têm o poder de mudar a realidade social, garantindo, assim, um espaço verdadeiramente inclusivo e acessível para todos os seus membros.

PALAVRAS-CHAVE: Pessoas com deficiência; Ensino superior; Inclusão; Permanência estudantil; Acessibilidade.

APRESENTAÇÃO EM VÍDEO

Legendas:
  1. Estudante
  2. Orientador
  3. Colaborador
Esta pesquisa foi desenvolvida com bolsa PUCPR no programa PIBIC.