A INEFÁVEL POÉTICA DA VIDA EM GOSTO DE CEREJA (1997)

INTRODUÇÃO: A presente pesquisa tem como tema a presença do inefável no cinema, sendo seu objeto de pesquisa o filme Gosto de Cereja (1997), de Abbas Kiarostami, que conta a história de um homem que pretende cometer suicídio. O filme se relaciona com o inefável por conta de sua premissa e do próprio desenvolvimento do cinema enquanto linguagem, além do estilo realista dos filmes de Abbas Kiarostami. Diante disso, formula-se a seguinte pergunta de pesquisa: como os signos do inefável estão presentes em Gosto de Cereja? OBJETIVOS: O objetivo geral, portanto, consiste em compreender como Abbas Kiarostami articula conceitos da inefabilidade inerentes à vida por meio dos signos presentes na linguagem cinematográfica de seu filme Gosto de Cereja (1997), e os objetivos específicos são: definir os principais conceitos da semiótica e do inefável; identificar signos presentes na obra; classificar os signos escolhidos e sua relação com o conceito de inefável. MATERIAIS E MÉTODO: Para isso, é utilizada a análise semiótica como metodologia que visa compreender os signos e a linguagem, além da revisão bibliográfica, que busca expor os conceitos filosóficos relacionados à pergunta e objetivo de pesquisa. A pesquisa realizou sua análise em três cenas distintas do objeto de pesquisa, e em todas elas o inefável aparece por meio de índices, inseridos dentro de um contexto simbólico. RESULTADOS: Ao apresentar temas e questões relativas ao inefável por meio de signos indiciais, Gosto de Cereja os torna presentes na história. Além disso, também é importante ressaltar que, apesar de se apresentar por meio de índices, o inefável aparece nas três cenas por meio de contextos simbólicos. Isso ocorre pois esta categoria representa temas mais abrangentes por meio de convenções sociais; logo, ele também possibilita a relação de ideias abstratas, como vida e morte, e seu aprofundamento. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Por fim, a presente pesquisa sugere novas investigações do silêncio e do inefável em diferentes obras cinematográficas, e também delibera que a representação do inefável só é possível por meio de índices, signos que representam seu objeto por meio de uma impressão de sua existência, já que o inefável, por definição, escapa dos limites linguísticos.

PALAVRAS-CHAVE: semiótica; inefável; cinema.