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CAETANO VELOSO E GILBERTO GIL NO TEATRO DE ARENA: COLABORAÇÕES E DIVERGÊNCIAS ESTÉTICAS E POLÍTICAS EM CENA

MAGALHÃES, Leticia Lopes ¹; PEGINI, Claudia Bellanda ²
Curso do(a) Estudante: Psicologia – Câmpus Londrina – Câmpus Londrina
Curso do(a) Orientador(a): Filosofia – Câmpus Maringá

INTRODUÇÃO: O Teatro Arena de São Paulo foi um grupo fundamental para a construção de uma estética artística brasileira, pautada na preocupação com a representação crítica das conexões entre arte e sociedade, o que se tornou desafiador na segunda metade da década de 1960, quando o governo civil-militar impôs políticas rigorosas de censura às artes. OBJETIVOS: A presente pesquisa visa analisar as interlocuções entre os cantores e compositores Caetano Veloso e Gilberto Gil, artistas notórios da MPB nacional, e o Teatro de Arena, a partir da análise de obras desenvolvidas entre 1965 e 1967. Junto ao diretor Augusto Boal, os músicos produziram e atuaram em peças mobilizadoras, as quais dialogavam com a realidade do período, enfocavam temas sociais, recriavam formas populares e manifestavam insatisfações com o governo de então. A análise das canções intenta explorar a potencialidade crítica que há no conteúdo e na forma desses excertos das peças. MATERIAIS E MÉTODO: Para alcançar esse objetivo, o enfoque das obras tem como base a perspectiva dialética materialista de Walter Benjamim, analisando as articulações entre a arte e a sociedade. Por meio de revisão bibliográfica, configura-se a compreensão do contexto histórico, político e estético do período com base em publicações de historiadores, bem como com dados compilados em fontes diversificadas: recortes de jornal, estudos sobre a peça, entrevistas, sites, canções e músicas. As canções selecionadas para análise foram Roda, do espetáculo Arena canta Bahia (1965), e Cidade do Ouro, da peça Arena conta Tiradentes (1967). RESULTADOS: A partir das pesquisas realizadas observou-se que o teatro e a MPB, por meio dos musicais, foram uma ferramenta importante para a reflexão sobre questões sociais latentes, para a defesa dos direitos civis e para a conscientização do público teatral acerca das desigualdades existentes e o cerceamento à liberdade pelos mecanismos de censura. As peças e canções analisadas demostram a elaboração apurada de versos que combinam a inspiração em formas populares com letras com carga simbólica, as quais convidam quem as escuta a pensar no mundo que as cerca. Identifica-se, nas produções analisadas, um diálogo com o teatro épico de Brecht, uma vez que as canções, nas peças, têm como função acordar o público e não para acalentá-lo. Outro destaque está no processo colaborativo com o qual as obras são elaboradas, o que resulta, por vezes, em pontos de discordância estético-políticas entre os envolvidos, algo que não compromete, contudo, a criação de obras de envergadura artística. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A trajetória de pesquisa evidencia que, em meados dos anos 1960, o Teatro de Arena aglutinou vozes dissonantes em projetos que problematizaram a realidade brasileira, dando voz a jovens músicos, hoje artistas consagrados, os quais atuaram tanto no teatro de resistência política como na ascensão da MPB, impulsionada pela indústria cultural.

PALAVRAS-CHAVE: 1. Teatro de Arena; 2. Caetano Veloso; 3. Gilberto Gil; 4. Arena canta Bahia; 5. Arena conta Tiradentes

APRESENTAÇÃO EM VÍDEO

Legendas:
  1. Estudante
  2. Orientador
  3. Colaborador
Esta pesquisa foi desenvolvida com bolsa PUCPR no programa PIBIC.