INTERLEUCINA-1SS EM PACIENTES OBESOS ACOMETIDOS PELA COVID-19

INTRODUÇÃO: Com seu padrão de disseminação e comportamento imprevistos, a COVID-19 tornou- se uma grande emergência de saúde pública. Ademais, desde o início da pandemia, a obesidade virou alvo de inúmeras pesquisas tendo em vista os desfechos graves dos pacientes obesos que foram infectados pela doença. OBJETIVOS: Nesse sentido, a proposta deste estudo é avaliar a imunoexpressão tecidual de IL-1β, produto de mutações no receptor do inflamassoma NLRP3, identificando a relação da obesidade como fator de risco agravante para a morbidade pela COVID-19. MATERIAIS E MÉTODO: Este estudo foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa humana da Pontifícia Universidade Católica do Paraná para as amostras de SARS-CoV-2 sob o número 3.944.734 / 2020. A pesquisa foi desenvolvida a partir de amostras pulmonares post-mortem de pulmões de participantes obesos que morreram em decorrência da forma grave da COVID-19 (n=11). O grupo CONTROLE (n = 9) é composto por amostras pulmonares de pacientes que morreram por doença cardiovascular e neoplásica, não envolvendo lesões pulmonares. A técnica de imunohistoquímica foi empregada com o intuito de identificar a imunoexpressão das proteínas IL-1β em macrófagos alveolares e pneumócitos do tipo I e II, entre outras células. RESULTADOS: Dentre os participantes obesos que foram a óbito por COVID-19, a maioria é do sexo masculino, com 11 participantes homens (78,5%) e apenas 3 mulheres; a idade média dos participantes do grupo COVID-19 é de 67 anos e a mediana é 68 anos. O IMC médio dos participantes é de 34,12 kg/m2. Em relação ao grupo controle, a maioria também é masculina: 6 homens (66,6%) e apenas 3 mulheres. A idade média desse grupo é de 62,6 anos com mediana de 65 anos. O prontuário desses participantes não apresentava a informação numérica referente ao índice de massa corpórea, entretanto, todos os prontuários selecionados apresentavam a definição de obesidade. Comparando-se os dois grupos, observamos que há predominância de sexo masculino em ambos, entretanto, o primeiro tem uma média de idade superior. As causas de óbito do grupo controle variaram, incluindo eventos tromboembólicos, neoplasias metastáticas, infarto agudo do miocárdio e choque séptico. Foram realizadas as análises estatísticas de imunoexpressão da interleucina 1β e observou- se que não houve diferença significativa entre os dois grupos de participantes obesos, com p=0,5856. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Os resultados descritos sugerem que a obesidade está diretamente associada a um estado inflamatório crônico, sendo uma das vias pró-inflamatórias mais ativadas a via do inflamassoma. Entretanto, nosso estudo não conseguiu comprovar que a infecção pelo SARS-CoV-2 agregou qualquer tipo de significância estatística para o processo inflamatório no paciente obeso, tanto com relação a imunoexpressão de citocinas, quanto com relação a ativação da via do inflamassoma quando comparado a qualquer outro tipo de doença ou comorbidade grave capaz de induzir o óbito.

PALAVRAS-CHAVE: COVID-19; SARS-CoV-2; inflamassoma; piroptose; obesidade.