Logo PUCPR

A CANÇÃO DE PROTESTO E O TEATRO BRASILEIRO DOS ANOS 1960: ESTUDO DE INTERAÇÕES ESTÉTICAS E POLÍTICAS

ALMEIDA, Maria Luiza Calegari De ¹; PEGINI, Claudia Bellanda ²
Curso do(a) Estudante: Psicologia – Escola de Medicina e Ciências da Vida – Câmpus Curitiba
Curso do(a) Orientador(a): Filosofia – Câmpus Maringá

INTRODUÇÃO: Na década de 1960, no Brasil, as intensas repressões e censuras impostas pela ditadura civil-militar repercutiram diretamente na produção artística do período, com as peças de teatro se tornando palco de resistência cultural. A teoria do dramaturgo alemão Bertold Brecht teve grande influência no teatro brasileiro desse contexto, decorrência da necessidade de um teatro crítico frente às estruturas políticas. O cenário teatral brasileiro é diversificado e suas várias vertentes são relevantes para o entendimento da história do país, sendo possível destacar, dentre elas, a atuação do Teatro de Arena, objeto de análise desse estudo, com enfoque particular no musical Arena Conta Tiradentes (1967) e na canção Espanto, de Theo de Barros, integrante do espetáculo. De autoria de Augusto Boal e Gianfrancesco Guarnieri, a peça revisa a história da Inconfidência Mineira (1789), voltando-se às questões que envolvem um confronto entre o passado histórico e o presente, o que implica em um refluxo crítico potente. OBJETIVOS: O objetivo da pesquisa é analisar o papel das canções presentes nas montagens do Teatro de Arena, investigando suas afinidades com o teatro épico de Brecht, as colaborações entre os músicos e dramaturgos, a canção Espanto, a dinâmica de controle da censura e o aumento do consumo de canções de protesto, abrangendo as articulações e contradições no contexto estético e a político. MATERIAIS E MÉTODO: Para alcançar esse objetivo, foi realizada a análise dos materiais bibliográficos com base na perspectiva crítica e dialética da história de Walter Benjamim (1892-1940). Buscou-se compreender o contexto sócio-histórico, estético e político do período, o que envolveu o estudo da peça e de suas interlocuções por meio de livros, artigos, sites e músicas. RESULTADOS: A partir dos resultados obtidos, verifica-se que, após a censura tomar conta do país, os artistas se depararam com a dúvida sobre qual seria o melhor caminho de resistência, o que introduziu, no Arena, a fase dos musicais, a origem do Sistema Coringa, bem como do teatro exortativo. Há uma experimentação estética que não se preocupa apenas com a qualidade artística, mas que enfoca também a mobilização crítica do público. Nesse cenário, em meio à repressão dos direitos civis promovida pelos militares, há uma efervescência cultural que se relaciona com a Música Popular Brasileira (MPB), a qual é gestada e circula em diferentes mídias dos anos 1960 (LP, rádio, festivais de música na TV), o que a torna uma grande matéria-prima para os musicais do teatro político do Arena. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Dessa forma, utilizando-se do Sistema Coringa e com canções importantes para o andamento da narrativa, Arena Conta Tiradentes mostra-se de extrema importância para a história do teatro brasileiro, marcando uma fusão entre história, teatro, música, política e resistência, o que se evidencia na análise desenvolvida no presente estudo e na necessidade de novas abordagens sobre o tema.

PALAVRAS-CHAVE: 1. Teatro de Arena; 2. Augusto Boal; 3. Arena conta Tiradentes; 4. Teatro musical; 5 Ditadura civil-militar.

APRESENTAÇÃO EM VÍDEO

Legendas:
  1. Estudante
  2. Orientador
  3. Colaborador
Esta pesquisa foi desenvolvida com bolsa Fundação Araucária no programa PIBIC.