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SOBRE A QUESTÃO DO SOFRIMENTO A PARTIR DO DESENRAIZAMENTO NA FILOSOFIA DE SIMONE WEIL

PAIVA, Davi Andrade De ¹; VALLE, Bortolo ²
Curso do(a) Estudante: Bacharelado Em Filosofia – Educação e Humanidades – Câmpus Curitiba
Curso do(a) Orientador(a): Filosofia – Escola de Educação e Humanidades – Câmpus Curitiba

INTRODUÇÃO: Neste presente estudo, empreendeu-se uma análise no ínterim da filosofia de Simone Weil, a partir de seu entendimento sobre a problemático do desenraizamento, conceito medular em sua obra, desenvolvido em O enraizamento: prelúdio a uma declaração dos deveres para com o ser humano (1943), e seus respectivos desdobramentos que formam o intrincado e abrangente pensamento da autora; com enfoque para a questão do sofrimento. Nesse sentido, deve-se elencar, conjuntamente ao pensamento teórico disposto nas obras analisadas, sua própria experiência para que se compreenda a totalidade de seu pensamento; nisso, destaca-se sua filosofia como propriamente um modus vivendi, indissociável da perspectiva vivida por Weil. OBJETIVOS: Para tanto, tratar-se-á, com a finalidade de abordar integralmente as implicações de seu pensamento sobre tal temática, primeiramente de seu itinerário existencial; em seguida, dar-se-á preferência para a análise da problemática tanto a partir de comentadores revisados, por se tratar de um estudo eminentemente bibliográfico, como da obra de Weil. Em O enraizamento, torna-se evidente seu empreendimento filosófico: mais que propor questionamentos acerca do sofrimento, da opressão, do trabalho servil, dos meios operários, da liberdade e da significação que o homem encontra onde dispõe suas raízes, é-nos demonstrado que para ela a relação com uma esfera espiritual possui decisivo valor. MATERIAIS E MÉTODO: O sofrimento, em sua filosofia, surge-nos envolto de profunda espiritualidade. Faz-se de extrema importância compreender o desenraizamento em Weil como um dos focos centrais de seu pensamento. Assim, será discutida em um primeiro estágio a dicotomia entre enraizamento e desenraizamento, para então atingir-se o segundo estágio que compreende a esfera do sofrimento pensado em relação ao desenraizamento. RESULTADOS: Dessa forma, o desenraizamento aparece como, sinteticamente, um rompimento, uma desvinculação do homem com seu meio e, além disso, algo que rompe a ligação do homem consigo mesmo. Uma profunda infelicidade abate-se sobre aqueles desenraizados, um tormento, hiato entre o eu e mundo. A opressão do meio operário, a humilhação e a repetição irreflexiva no trabalho despersonalizam o ser humano, tornam-lhes distanciados de um real sentido de sua vida, que não vê no trabalho, instância máxima de ligação espiritual com o mundo e com a ordem divina, um fôlego – um respiro de liberdade, em agir tal qual nos é exigido. Por sua vez, enraizar-se necessita de atenção, isto é, atentar-se ao entorno, estar com o espírito aberto para receber. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O malheur, conceito analisado adiante, está na consequência imediata que desenraiza o homem. Isto, traduzido como sofrimento, infelicidade ou infortúnio, pode ser entendido como um sofrimento profundo e absoluto daquele desenraizado, no qual acometeu-lhe um mal irremediável à alma; em outras palavras, que marcou-a em definitivo. O malheur não se trata de sofrimento físico, ainda que o conjunto da opressão, dor física e fadiga do corpo e do espírito possam acarretar naquele. Trata-se da máxima instância do desenraizamento.

PALAVRAS-CHAVE: Simone Weil; Desenraizamento; Sofrimento; Opressão; Malheur

APRESENTAÇÃO EM VÍDEO

Legendas:
  1. Estudante
  2. Orientador
  3. Colaborador
Esta pesquisa foi desenvolvida com bolsa Fundação Araucária no programa PIBIC.