INTRODUÇÃO: A dor lombar crônica é uma das principais causas de incapacidade, atingindo cerca de meio bilhão de pessoas no mundo. Resulta de fatores biofísicos, psicológicos e sociais afetando a qualidade de vida, funcionalidade, participação social e saúde mental. O tratamento deve visar não apenas a redução da dor, mas fornecer ao paciente ferramentas que possibilitem o autogerenciamento da dor. Quando associados à terapia cognitivo comportamental (TCC), programas de autogerenciamento apresentaram eficácia sustentada no tratamento de dor lombar subaguda e crônica com baixo custo para o sistema de saúde. Entretanto, a participação nestes programas requer deslocamento semanal, constituindo um fator limitante para a adesão. – OBJETIVOS: Avaliar o impacto de um programa remoto de autogerenciamento de dor lombar baseado na terapia cognitivo comportamental sobre a saúde mental dos participantes. – MATERIAIS E MÉTODO: O protocolo “Back Skills Training Program” foi traduzido e adaptado, assim como o material de apoio que foi disponibilizado aos pacientes. Foram realizados cinco encontros virtuais por meio da plataforma zoom. O programa foi realizado para dois grupos de pacientes com dor lombar crônica, sendo o primeiro constituído por pacientes provenientes do ambulatório de dor crônica e ortopedia do Hospital Cajuru (n=5). Já o segundo, foi formado a partir da divulgação do programa por meio do Instagram (n=10). Aplicou-se a escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão antes e após o término da intervenção. Além disso, realizou-se uma entrevista semi-estruturada, que foi gravada e transcrita. Na sequencia, foi feita a analise do conteúdo das entrevistas. – RESULTADOS: No primeiro grupo-piloto apenas 2 pacientes participaram de pelo menos 70% dos encontros virtuais e apenas 1 paciente completou o protocolo proposto no segundo grupo. Por isso, a avaliação do protocolo foi prejudicada. Entretanto, ao se verificar a resposta individual de cada paciente, observou-se que, dois participantes apresentaram melhora da ansiedade e da depressão, enquanto um paciente teve piora da ansiedade. A analise do conteúdo da entrevista semi-estruturada demonstrou que a piora da ansiedade esteve associada a crença de que a dor indica lesão tecidual. – CONSIDERAÇÕES FINAIS: Não foi possível avaliar de forma estatística o impacto do programa remoto de autogerenciamento de dor lombar devido à baixa adesão. Entretanto houve melhora dos sintomas de ansiedade e depressão em dois pacientes, enquanto que a piora da ansiedade esteve associada a crença de dor indicando lesão tecidual. A baixa adesão sugere que grupos remotos de autogerenciamento de dor crônica não são uma boa opção para pacientes em seguimento no Hospital Cajuru.