INTRODUÇÃO: O patriarcado é um sistema sociocultural presente há séculos no mundo, sendo caracterizado pelas relações de poder, no qual o homem exerce autoridade e domínio sobre todos que estão fora do seu padrão de gênero, raça e classe social. No Brasil não é diferente, marcado pela profunda desigualdade social decorrente da colonização e escravização de corpos negros, a mulher periférica, majoritariamente negra ou parda, sofre diversos tipos de discriminações e violências. Neste contexto, levando em consideração que a pandemia do COVID-19, causada pelo vírus SARS-CoV-2, instaurou uma crise sanitária, econômica, política e social, apresentamos a hipótese de que as mulheres brasileiras que se encontram em condição de pobreza ou extrema pobreza, tiveram forte impacto sobre vários aspectos da vida. – OBJETIVOS: investigar os impactos da pandemia na vida das mulheres periféricas brasileiras, considerando o recorte de gênero, raça e classe social nos âmbitos do trabalho e renda, acesso à educação, saúde física e mental e o acesso aos direitos básicos. – MATERIAIS E MÉTODO: O estudo foi conduzido pelo método crítico-dialético marxista, com metodologia de pesquisa exploratória de caráter qualitativo com ênfase na pesquisa bibliográfica, amparado pelos referenciais teóricos (LERNER, 2019; SAFFIOTI, 2013; LUGONES, 2014; QUIJANO, 2005) e por artigos, pesquisas, dados e notícias em plataformas acadêmicas, governamentais e não governamentais no período pré e durante a pandemia. – RESULTADOS: Dentre os resultados alcançados, identificamos que as mulheres periféricas ficaram mais expostas à violência doméstica na pandemia, já que o lar representa o ambiente mais perigoso, visto que a maior parte dos agressores são seus parceiros. Além disso, elas estavam mais expostas ao contágio levando em consideração que em grande parte das periferias do Brasil não há acesso a saneamento básico e infraestrutura que permita o distanciamento e o acesso às medidas de isolamento, os quais somam com a sobrecarga do cuidado doméstico, familiar e comunitário. Ressalta-se que essas mulheres representam a parcela da sociedade que foi mais afetada na renda e no trabalho, provocando inúmeras inseguranças que afetaram diretamente na saúde mental e, consequentemente, no acesso ou continuidade dos estudos. – CONSIDERAÇÕES FINAIS: Frisamos que nenhum direito conquistado pelas mulheres está alicerçado e garantido enquanto nosso modelo de sociedade for estruturado sobre a base ideológica do patriarcado, no colonialismo e no racismo. Demonstrando que passam anos, décadas e séculos e a mulher infelizmente continua sob uma posição subalterna e vítima de inúmeras violências diárias, em suas diversas e diferentes tipologias e natureza.