INTRODUÇÃO: O objeto dessa pesquisa é o planejamento urbano e sua atuação na produção das cidades. Ao longo das últimas cinco décadas percebe-se não só uma complexa e cumulativa agregação de responsabilidades ao planejamento, como também, um aumento no descontentamento e descrédito da população em relação à real assertividade de suas ações. Na medida em que as cidades seguem acumulando indicadores negativos de transformação, cresce o distanciamento entre a cidade idealizada pelos técnicos do Estado e a cidade real, a vivida pelos cidadãos, que parece não seguir o planejado. Parte-se da hipótese de que existam outros fatores, não contemplados ou percebidos pelo planejamento, responsáveis por contribuir, prejudicar ou inviabilizar o proposto para a cidade idealizada. – OBJETIVOS: O objetivo da pesquisa, portanto, é identificar se existem outros fatores, quais são e porque ocorrem. – MATERIAIS E MÉTODO: Para tanto desenvolveu-se (i) uma revisão bibliográfica de textos que abordam o potencial e os limites do planejamento urbano como instrumento transformador da cidade; (ii) a seleção e análise de intervenções físicas realizadas em cidades da América Latina; (iii) a seleção, levantamento e análise de dois compartimentos na cidade de Curitiba que, mesmo contempladas pelo Planejamento Urbano do Estado, parecem se devolver para além do idealizado. Ressalta-se que durante a etapa do levantamento de dados, na busca por um maior entendimento da dinâmica envolvida nas transformações que estão ocorrendo nas áreas selecionadas como Estudos de Caso, a aplicação de entrevistas – com proprietários e/ou comerciantes das áreas – se mostrou de fundamental importância. – RESULTADOS: Os resultados apontam que a transformação positiva das áreas analisadas – melhoria da qualidade do espaço público, valorização dos comércios existentes, surgimento de novos negócios, reconhecimento das áreas pela mídia, inserção das mesmas em roteiros turísticos da cidade, entre outras – foi alcançada exclusivamente por iniciativa dos comerciantes locais, com a criação de associações informais, em particular, grupos no WhatsApp. Por outro lado, confirmando o distanciamento entre a cidade idealizada e a cidade vivida, as intervenções do poder público nas áreas estudadas foram alvo de críticas pelos entrevistados. – CONSIDERAÇÕES FINAIS: Por meio dessa pesquisa conclui-se que um fator fundamental, e ainda ausente nas ações de “cima para baixo” do planejamento institucional, é a real e efetiva participação da comunidade envolvida e recebedora das intervenções propostas.
