INTRODUÇÃO: Estudos têm demonstrado que as pessoas recorrem à espiritualidade e religião quando enfrentam problemas de saúde e situações de sofrimento. Esse comportamento pode ser explicado, principalmente pelo fato de que uma das principais características da religião é ajudar as pessoas a lidarem com o sofrimento. Logo, neste contexto pandêmico, em que os/as profissionais da saúde vivenciam a dor e o sofrimento diários, a investigação nessa população pode auxiliar com dados importantes a serem considerados na formação de profissionais de saúde e mesmo de suporte espiritual a essa classe de profissionais. – OBJETIVOS: Este estudo teve como objetivo geral compreender o modo como profissionais da saúde produziram sentido para experiência de sofrimento no contexto da pandemia de COVID – 19, por meio da avaliação da espiritualidade. – MATERIAIS E MÉTODO: O método foi de natureza quantitativa, de tipo survey, de corte transversal e é classificado como descritivo. Os seguintes instrumentos foram utilizados na coleta de dados: questionário sociodemográfico incluindo perguntas sobre sentido e espiritualidade na pandemia; Escala de Coping Espiritual/Religioso (CER); Escala de Centralidade da Religiosidade (ECR-5BR) e 3 perguntas sobre Apego a Deus (IAD-BR). – RESULTADOS: Participaram deste estudo 62 profissionais da saúde. A idade média foi de 37,81 anos. A maioria é do gênero feminino (67,7%), 30,6% do gênero masculino e 1,6% de outro gênero. A média do uso de Coping espiritual/religioso (CER) Positivo foi de 3,39 (médio) e a média de (CER) negativo foi de 1,29(irrisório). A amostra é considerada como “religiosa” (M=3,83) sendo que a dimensão central da religiosidade mais prevalente foi a do tipo “ideológica” (M=4,39; DP=1,13), que refere- se as crenças sobre a existência e essência da realidade transcendente. O Estilo de Apego a Deus predominante nesta pesquisa foi o ‘’Apego Seguro’’. A maioria dos profissionais (77,4%) afirmou ter pensado mais sobre o sentido da vida durante o período pandêmico, porém 38,7% não sentiu necessidade de falar sobre questões espirituais/religiosas com outros. A maioria (80,6%) não questionava quais eram as crenças espirituais/religiosas de seus pacientes, e, 35,5 % reportaram utilizar de várias estratégias espirituais no tratamento dos/as pacientes, sendo que a oração foi a estratégia mais empregada, seja orando pelos/as pacientes ou mesmo incentivando a oração. Observou-se também percepção no aumento de emoções tais como: ansiedade (40,3%), medo (35,5%), tristeza (32,3%) e sensação de cansaço (40,3%). – CONSIDERAÇÕES FINAIS: Expostos diariamente ao sofrimento alheio, a maioria dos profissionais da saúde reportou ter tido mais necessidade de se voltar para sua espiritualidade como fonte de sentido e recurso para elaboração do sofrimento, como é demonstrado pelo uso médio de estratégias de CER. Os resultados parecem indicar, entretanto, que há uma certa desconexão da dimensão espiritual no trabalho diário, o que é evidenciado pela dificuldade de integrar essa dimensão no cuidado de pacientes. Conclui-se que as questões relacionadas à dimensão espiritual, quer no cuidado de si ou de pacientes, precisam ser abordadas nos cursos de formação de profissionais da saúde, a fim de que estes profissionais possam fazer melhor uso desse recurso nas práticas de cuidado de si e de seus pacientes.