INTRODUÇÃO: A pandemia provocada pela chegada do coronavírus provocou mudanças nos mais diferentes âmbitos, incluindo o acadêmico. Tais mudanças na rotina pessoal e acadêmica refletiram diretamente no bem-estar físico, mental, social e espiritual deste grupo. Este estudo, em particular, procurou investigar o modo como as questões espirituais/religiosas poderiam servir de instrumento para que os estudantes pudessem se posicionar frente ao sofrimento gerado no contexto de pandemia. – OBJETIVOS: Dessa forma, objetivou-se com essa pesquisa, identificar nas narrativas dos estudantes universitários os significados atribuídos com relação aos recursos espirituais/religiosos, bem como os respectivos métodos de coping religioso utilizados para o enfrentamento durante a pandemia e compreender as principais necessidades espirituais deste grupo de estudantes universitários com vistas à provisão de um cuidado em saúde na perspectiva da pessoa como um todo (bio-psico-social-espiritual). – MATERIAIS E MÉTODO: Para isso, foi coletado por meio de entrevistas online as narrativas de estudantes universitários que previamente foram convidados a se posicionar e responder às escalas de medida da espiritualidade/reigiosidade elaboradas por estudiosos da área. As entrevistas seguiram um roteiro semiestruturado e foram gravadas. A amostra contou com a participação de dez estudantes do sexo masculino e feminino de diferentes cursos, períodos e instituições. – RESULTADOS: Os dados expostos nas narrativas foram analisados através da literatura publicada e cruzados com os dados quantitativos obtidos através das escalas respondidas pelos participantes. Alguns trechos das narrativas foram colocados em um quadro, a fim de identificar e categorizar as falas dos estudantes. As narrativas trouxeram diferentes vivências por parte dos participantes, onde alguns afirmaram ser espiritualizados e outros não. Foi possível perceber um aumento nos sintomas de ansiedade durante a pandemia, fato presente tanto nos discursos quanto nos dados quantitativos presentes nos questionários propostos. Também foi possível perceber diferentes estratégias de enfrentamento, algumas religiosas e outras nem tanto. Dentre as formas de coping foram citados o lazer, tempo de qualidade com a família, leitura de textos sagrados, orações, leituras e psicoterapia. Pode-se perceber então, formas religiosas e não religiosas de coping. Dessa forma é possível perceber a singularidade e a subjetividade de cada indivíduo para lidar com eventos estressores e de ansiedade. Outro fator constatado foi o fato de que, apesar de nem todos os participantes possuírem hábitos religiosos, todos reconhecem que a espiritualidade e a religiosidade são estratégias importantes e válidas de enfrentamento em situações difíceis. – CONSIDERAÇÕES FINAIS: Cabe ressaltar que a espiritualidade é definida como aquilo que move o ser humano para um sentido, aquilo que responde às questões existenciais e promove um sentido de vida mesmo nos momentos mais difíceis. Recolher narrativas sobre a dimensão espiritual mostra tanto do ponto de vista positivo bem como negativo o quanto tal dimensão não pode ser esquecida e colocada à margem quando se debate as questões de qualidade de vida e saúde.
