INTRODUÇÃO: Esta pesquisa aborda o uso do jornalismo em quadrinhos e suas possibilidades. Apesar de integrarem os jornais há séculos por meio de tiras, charges, e caricaturas, os quadrinhos como gênero jornalístico ¬- o “Jornalismo em Quadrinhos” – surgiu há pouco mais de trinta anos. Neste trabalho, será estudado o caso da Tribuna do Paraná, um dos maiores jornais diários do Paraná, que utilizava quadrinhos para a reconstituição de crimes em suas manchetes em meados dos anos 90. – OBJETIVOS: O objetivo geral de pesquisa procura entender de que forma a linguagem de quadrinhos foi usada como recurso para a reconstituição de crimes em capas do jornal Tribuna do Paraná. Já o objetivo específico busca compreender se o recurso foi utilizado com fins sensacionalistas, dramatizando os fatos noticiados na época. – MATERIAIS E MÉTODO: Inicialmente, foi feita uma revisão de literatura acerca do veículo estudado. De forma a contextualizar o trabalho, foi realizada uma revisão de literatura de modo a conceituar o Jornalismo em Quadrinhos – constatando quais elementos compõem o gênero -, baseada, principalmente, no trabalho de McCloud (1995, 2005), bem como as características do que é uma mídia sensacionalista e como esta é utilizada por meio das obras de Angrimani (1995) e Romão (2013). Em seguida, foi realizado um levantamento histórico das capas do jornal, e separadas 13 manchetes publicadas em maio de 1997. A metodologia utilizada foi a análise de imagem, baseada na obra de Joly (1996) e McCloud (1995, 2005). Para este momento, foram definidos elementos que seriam procurados nas manchetes, de forma a identificar o uso do sensacionalismo. Todas as ilustrações passaram por um processo de descrição e, após a análise individual, foram comparadas entre si. – RESULTADOS: Os resultados do estudo mostram que a escolha de retratar crimes e acontecimentos violentos por meio de histórias em quadrinhos, no caso da Tribuna, aumentam o fator absurdo destas notícias, uma vez que são utilizados elementos de dramatização como expressões faciais exageradas e discurso coloquial nas manchetes. O caso serve de exemplo para mostrar a versatilidade do gênero JHQ, que pode ser adaptado para diferentes contextos conforme a necessidade editorial. – CONSIDERAÇÕES FINAIS: A representação dramatizada de crimes e tragédias contribui para um imaginário punitivista e justiceiro que raramente aborda as raízes reais do problema, focando em uma realidade unilateral dividida apenas entre os campos do “bom” e do “mau”. É função do comunicador explorar os diversos desdobramentos da sociedade, bem como elucidar assuntos complexos para a população. Dado o papel fundamental que a imprensa cumpre para a formação da opinião pública, pode-se concluir que compreender as engrenagens da dramatização e sensacionalismo também é entender de que forma lidamos com os crimes e a violência na vida cotidiana.
