INTRODUÇÃO: A produção artística de Sérgio Ricardo (1932-2020), no cenário cultural e histórico do Brasil, em especial na década de 1960, é o objeto de análise do presente estudo, o qual enfoca particularmente a peça/show “Sérgio Ricardo na praça do povo”, dirigida por Augusto Boal e produzida pelo Teatro de Arena de São Paulo. Sérgio Ricardo é um multiartista brasileiro cuja vasta produção se estende de direções no período do Cinema Novo até a criação e interpretação de composições musicais dentro de movimentos formadores da cultura nacional: colaborou com a fundação tanto da Bossa Nova quanto da Música Popular Brasileira (MPB). – OBJETIVOS: O objetivo é analisar a obra de Sérgio Ricardo em meio ao acirramento da censura às artes, entre 1967 e 1968, período em que o governo militar estava instaurado no poder (1964 a 1985). Nela, é possível explorar as ligações da MPB com a indústria cultural, bem como as contradições existentes naquele contexto no campo estético e político. – MATERIAIS E MÉTODO: Para alcançar esse objetivo, desenvolvemos nossa análise sob a perspectiva dialética materialista de Walter Benjamim (1892-1940), analisando as articulações entre a arte e a sociedade. Por meio de revisão bibliográfica, buscamos compreender o contexto histórico, político e estético do período com base em publicações de historiadores como Marcos Napolitano e Marcelo Ridenti, além de dados compilados em fontes diversificadas: recortes de jornal, estudos sobre a peça, entrevistas, sites, filmes e músicas. Uma vez que o roteiro de “Sérgio Ricardo na praça do povo” não foi publicado, sua análise se viabilizou pelo acesso ao arquivo digital do documento disponível, em sua versão original, na Biblioteca Jenny K. Segall, repositório inestimável para o Teatro Brasileiro. – RESULTADOS: Todo esse percurso de levantamento e análise dos materiais confirmou a proeminência de Sérgio Ricardo como interlocutor ativo no sistema produtivo das artes no ano-chave da história nacional – 1968. – CONSIDERAÇÕES FINAIS: Ele alimentou e questionou o ambiente cultural, problematizando, na peça que estudamos, a tensão latente entre indústria cultural, sistema político e criação artística, sobretudo para a arte com vistas à mobilização de transformações sociais, ou seja, socialmente comprometida.