INTRODUÇÃO: Na pandemia da COVID-19, além dos conhecidos impactos fisiológicos, observam-se alterações cognitivas associadas à atenção sustentada, funções executivas, processamento visuoespacial, memória e linguagem. Assim, é importante avaliar o impacto cognitivo após a infecção e à longo prazo para realizar intervenções necessárias. – OBJETIVOS: Investigar o funcionamento cognitivo em pacientes recuperados pós infecção pelo SARS-COV-2 e identificar alterações nos Processos Atencionais e de Memória Declarativa. – MATERIAIS E MÉTODO: Trata-se de um estudo prospectivo, multicêntrico, observacional, longitudinal, quantitativo e experimental. Faz parte da pesquisa intitulada “ReCOver – Saúde Mental” e ambos estão vinculados ao projeto maior “COVID-19: Caracterização Clínica e Epidemiológica de Pacientes Atendidos em Curitiba, PR”. Participaram deste estudo voluntários atendidos no Centro de Simulação Clínica da PUCPR. A avaliação neuropsicológica foi composta por: avaliação da orientação têmporo-espacial (OTE); Fluência Verbal (FV); Fluência Semântica (FS), Teste da Figura Complexa de Rey-Osterrieth (ROCFT), Teste de Aprendizagem Auditivo-verbal de Rey (RAVLT), Teste dos Cinco Pontos, Spam de Dígitos e Trail Making Test A/B. Utilizou-se o Statistical Package for the Social Science (SPSS) para a análise estatística, sendo criada um ponto de corte a partir do valor da mediana de cada teste para o comparativo. – RESULTADOS: Essa amostra da população se caracteriza como predominante feminina, com escolaridade de ensino médio completo, Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) pré-mórbida, com necessidade de internamento em Unidades de Terapia Intensiva, e em sua maioria com uso de ventilação não invasiva (VNI). Sintomas predominantes após a infecção foram dispneia, fadiga e HAS. A escolaridade foi significativa em todos os testes, e a idade foi significativa nos seguintes instrumentos: ROCFTMI (memória imediata) e ROCFTMT (memória tardia), RAVLT e TRAIL A. Em ROCFTMI observa-se que um menor escore tem relação com um período maior entre a alta e avaliação. Em ROCFTMT e A6 observa-se que um menor escore tem relação com o maior uso de medicamentos de uso contínuo. Em ROCFTMT e AT observa-se um menor escore foi associado com um menor número de sintomas na fase aguda do COVID-19. – CONSIDERAÇÕES FINAIS: Foram identificadas alterações nos processos de memória e atenção relacionados à escolaridade e idade. Um menor do desempenho da memória imediata foi relacionado ao maior período entre a alta e avaliação, assim como alterações na memória tardia em relação ao maior uso de medicamentos contínuos. As limitações dessa pesquisa envolveram a dificuldade de determinar aspectos cognitivos pré-infecção, a não identificação dos medicamentos utilizados e dificuldade em recrutar os pacientes para uma reavaliação neuropsicológica. Dessa forma, entende-se que avaliações neuropsicológicas precoces após a hospitalização por COVID-19 beneficiariam os pacientes para avaliar o grau de comprometimento e possibilidades de intervenção. Estudos futuros precisarão avaliar a progressão a longo prazo de distúrbios cognitivos em pacientes recuperados com COVID-19, bem como a eficácia das intervenções de reabilitação.
