INTRODUÇÃO: A literatura internacional aponta para níveis significativos de Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) em recuperados de doenças infecciosas, bem como o COVID-19. Contudo, a produção brasileira acerca do tema ainda é escassa. A presente pesquisa mostra-se relevante tendo em vista a necessidade de que seja dada a devida ênfase aos prejuízos acarretados pelo TEPT na qualidade de vida do sujeito; mesmo aqueles que obtiveram um diagnóstico limiar podem ter risco de piora significativa na saúde. Assim, conhecer a prevalência do transtorno e os fatores que contribuem para seu desenvolvimento permite a elaboração de estratégias de prevenção. – OBJETIVOS: A pesquisa teve como objetivo principal conhecer a prevalência de Transtorno de Estresse Pós-Traumático entre pacientes recuperados de COVID-19. Buscou ainda analisar se havia relação estatisticamente significativa entre variáveis demográficas e relativas à infecção pelo vírus com o surgimento de sintomas de transtorno do estresse pós-traumático, além de descrever tais pontos na amostra analisada. – MATERIAIS E MÉTODO: O estudo foi um levantamento de caráter exploratório, descritivo e quantitativo. Os dados foram colhidos em amostragem por conveniência. Os participantes (n = 53) foram indivíduos que foram infectados pela COVID-19 há pelo menos 6 meses, maiores de 18 anos, fluentes na língua portuguesa e que apresentassem condições de compreensão cognitiva para a entrevista. Foi utilizado um questionário de dados sociodemográficos e o Impact of Event Scale – IES, e as respostas foram registradas no Google Forms e Excel. As entrevistas foram feitas via videochamada ou telefonema, conduzidas pela pesquisadora. – RESULTADOS: Os dados levantados indicam altos índices de TEPT em recuperados de COVID-19 (75,5%), mais altos que na população em geral. Não houve correlações estatisticamente significativas entre as variáveis demográficas e a prevalência de TEPT na amostra; contudo, houve uma tendência à significância na variável de transtornos mentais pré-existentes à infecção. – CONSIDERAÇÕES FINAIS: A partir de tais achados, discute-se a necessidade do devido apoio psicológico e políticas públicas voltadas à saúde mental a fim de fornecer os tratamentos necessários para os indivíduos recuperados de COVID-19, tendo em vista a alta prevalência de transtorno de estresse pós-traumático nesta população.