INTRODUÇÃO: As lesões do ligamento cruzado anterior (LCA) estão entre as mais frequentes na ortopedia; afetando, principalmente, jovens ativos, levando à redução de atividade por instabilidade articular, com incidência de 200 mil reconstruções por ano nos EUA1,2. No passado, as reconstruções já foram exclusivamente extra articulares, passaram para intra-articular via aberta, intra-articular via artroscópica e atualmente, discute-se a realização de um reforço extra articular associado a reconstrução intra-articular artroscópica3. A necessidade de reconsideração do método cirúrgico se explica pela alta taxa de nova lesão de LCA, que varia de 6 a 28% mesmo com a realização técnica adequada3.O LAL é considerado uma estrutura ligamentar distinta existente na terceira camada do compartimento lateral do joelho, originando-se posterior e proximal ao epicôndilo femoral lateral e com inserção na face anterolateral da tíbia a meio caminho entre a cabeça da fíbula e o tubérculo de Gerdy6. A má cicatrização da lesão de LAL ocorre em 70% dos pacientes submetidos à reconstrução isolada do LCA após um ano5. Lesões combinadas do LCA e LAL foram associadas a resultados significativamente desfavoráveis na reconstrução isolada do LCA5. Apesar da melhora comprovada pela cirurgia combinada, as indicações para procedimento extra articular lateral são fundamentadas atualmente em parâmetros clínicos, como gravidade do “pivot-shift”, nível de atividade do paciente e experiência pessoal do cirurgião7. No entanto, estudos baseados em ressonância magnética (RM) pré-operatória de rotina, mostram que essa é altamente sensível, específica e precisa para detecção de anormalidade do LAL8,9. Com base nessas evidências, o diagnóstico adequado dessa lesão torna-se essencial na análise de rotina da ressonância magnética do joelho. Desse modo, o presente estuda aponta o questionamento da eficiência da RM convencional no nosso meio para essa avaliação. A hipótese é que as lesões do ligamento anterolateral não estão sendo devidamente visualizadas e não estão sendo relatadas pelos radiologistas. – OBJETIVOS: Avaliar a citação do ligamento nos laudos de RM e confirmar sua presença e lesão nas imagens de exames feitos na fase aguda de forma retrospectiva. – MATERIAIS E MÉTODO: Foram incluídos 103 pacientes submetidos à reconstrução de ligamento cruzado anterior (LCA) em 2019. As imagens foram reanalisadas por dois radiologistas. – RESULTADOS: Em primeira análise, apenas um laudo citava o ligamento anterolateral (LAL) e sua lesão (0,97%). Na reanálise, o LAL foi visualizado em quase todos os casos (95% e 97%). Foi encontrada lesão em 53 (51,5%) casos pelo radiologista A e 56 (54,4%) casos pelo radiologista B. A lesão foi diagnosticada por ambos em 39 (37,9%) casos (p<0,0001). Houve divergência entre os radiologistas com relação a lesão (p<0,001). – CONSIDERAÇÕES FINAIS: Nessa série de casos mostramos que os laudos deixaram de descrever o LAL e diagnosticar um significativo número de lesões. A análise das imagens convencionais de ressonância ainda gera divergências no diagnóstico da lesão do LAL associada ao LCA entre os radiologistas.