INTRODUÇÃO: Diversos fatores vêm sendo associados a um desfecho clínico desfavorável nos pacientes infectados pelo SARS-CoV-2. Dentre eles está a presença de diabetes, hiperglicemia e hipoglicemia, aumentando o tempo de internamento, a ocorrência de eventos adversos intra-hospitalares e a mortalidade desses pacientes. Contudo, a literatura aponta que mais do que esses fatores isolados, a variabilidade glicêmica elevada é a condição que mais influencia no óbito dos pacientes internados por COVID-19, devido a disfunção endotelial e estresse oxidativo gerados. – OBJETIVOS: Avaliar a associação de variabilidade glicêmica com a mortalidade em pacientes com COVID-19 internados em ambiente de enfermaria, no Hospital Marcelino Champagnat, na cidade de Curitiba, PR. – MATERIAIS E MÉTODO: Trata-se de um estudo clínico observacional prospectivo, com análise descritiva, comparativa e analítica dos dados. A população foi composta por 408 pacientes com COVID-19 internados em ambiente de enfermaria. As variáveis analisadas foram: idade, sexo, presença de comorbidades, necessidade de internamento em unidade de terapia intensiva, glicemias capilares e desfecho alta/óbito. A partir das glicemias capilares, obteve-se a variabilidade glicêmica por meio do cálculo de coeficiente de variação (CV) e do desvio padrão (SD). Os pacientes foram divididos em dois grupos de acordo com o CV e SD: CV = 27,5 e SD = 44,7. CV >= 27,5 e SD >= 44,7 indicaram pacientes com grande variabilidade glicêmica, enquanto CV < 27,5 e SD < 44,7 indicaram os pacientes com baixa variabilidade glicêmica. – RESULTADOS: Dos 408 pacientes, 63% eram do sexo masculino e a média de idade foi 58,37 anos. As principais comorbidades encontradas na população do estudo foram: hipertensão arterial sistêmica (49,75%), diabetes melitus (33,82%) e obesidade (32,85%). Do total de pacientes, 154 necessitaram de internamento em UTI em algum momento e 254 ficaram apenas em ambiente de enfermaria durante todo o período de internamento. Quanto à associação de variabilidade glicêmica e óbito, 68,3% dos pacientes que foram a óbito tiveram grande variabilidade glicêmica, e dos pacientes que receberam alta, 42,8% tiveram variabilidade glicêmica aumentada. Assim, a variabilidade glicêmica elevada foi fator associado com óbito em pacientes internados com COVID-19 em ambiente de enfermaria, com grau de significância estatística (p < 0,001). – CONSIDERAÇÕES FINAIS: A idade foi o fator que mais influenciou no óbito e a variabilidade glicêmica aumentada foi um fator de risco importante para a mortalidade de pacientes internados por COVID-19 em ambiente de enfermaria, especialmente em pacientes mais graves, que necessitaram de cuidados intensivos em algum momento. Assim, considera-se imprescindível a manutenção de um controle glicêmico adequado nos pacientes internados por COVID-19 tanto em ambiente de enfermaria quanto em unidade de terapia intensiva, evitando hiperglicemia, hipoglicemia ou grandes variabilidades glicêmicas.