INTRODUÇÃO: O metotrexato (MTX) é a droga de escolha para tratamento da artrite psoriásica (AP) e da artrite reumatoide (AR). Um dos efeitos adversos do MTX é a fibrose hepática (FH). A elastografia é um exame eficaz para diagnóstico, porém pouco disponível, sendo o Fibrosis-4 (FIB4) um método alternativo. Entretanto, não se sabe se, neste pacientes, existe concordância entre os instrumentos. – OBJETIVOS: avaliar a concordância entre o FIB4 e a elastografia para estratificação do risco de FH em pacientes com AP e AR usuários de MTX. – MATERIAIS E MÉTODO: Estudo observacional transversal incluindo pacientes consecutivos com AP e AR com idade>18 anos em uso de MTX. Por ser um estudo-piloto, não foi calculado o tamanho amostral. Excluíram-se aqueles que não concordaram em participar do estudo ou cujos prontuários estavam incompletos. Coletou-se dados demográficos, clínicos e laboratoriais. Calculou-se o FIB4 utilizando-se a formula: [{idade(anos)XAST(U/L)}/plaquetas(109/L)X{ALT(U/L)1/2}], (AST=aspartato aminotransferase e ALT=alanina aminotransferase). Considerou-se baixo risco para fibrose FIB43,25. A elastografia (Fibroscan®) classificou os pacientes em F0/F1, F2, F3 e F4, sendo F0/F1 fibrose sem significado clínico e F4 cirrose hepática. Utilizou-se o teste Qui quadrado ou teste exato de Fisher (variáveis categóricas), o teste T de student ou de Mann-Whitney se não concordância com a normalidade (variáveis contínuas). Para avaliar a qualidade do FIB4 na predição do resultado da elastografia calculou-se a sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo e negativo. Para verificar a concordância entre os resultados de FIB4 e elastografia, estimou-se o coeficiente de concordância de Kappa. Para investigar a existência de um ponto de corte para FIB4 associado ao resultado da elastografia (F0/F1 ou F2/F3/F4), foi ajustada uma curva ROC. Aprovação CEP nº4803455. – RESULTADOS: Foram avaliados 10 pacientes com AP e 25 pacientes com AR. A maioria pertencia ao gênero feminino e a média de idade foi 59 anos nos pacientes com AP e 57 anos naqueles com AR. O tempo médio de doença foi aproximadamente oito anos nos dois grupos. Metade dos pacientes com AP estava em atividade, enquanto 40% daqueles com AR apresentavam doença ativa. A dose média cumulativa de MTX foi 5,64g para os pacientes com AP e 6,95g para os pacientes com AR. Essas diferenças não foram significativas (p>0,05). Considerando-se a elastografia padrão outro para FH, observou-se prevalência de 20% e não houve associação com a dose acumulada de MTX. FIB-4 indicando risco baixo e intermediário de fibrose apresentou alta especificidade (85,2%) e alto valor preditivo negativo (81,2%) considerando-se a elastografia como padrão ouro para o diagnóstico de FH. A área abaixo da curva ROC foi igual a 0,63 (p=0,27) indicando que FIB4 não discriminou entre ter elastografia F0/F1 ou F2/F3/F4. O coeficiente de concordância foi 0,24. – CONSIDERAÇÕES FINAIS: Pacientes com FIB-4 baixo a moderado poderiam não necessitar da elastografia para excluir FH, entretanto, considerando-se o tamanho da amostra, a ausência de poder discriminatório do FIB4 para fibrose clinicamente significativa e a baixa concordância entre os métodos, estudos com maior número de pacientes são necessários para confirmar esta hipótese.