INTRODUÇÃO: Este trabalho trata das alterações no tempo cirúrgico e das complicações pós-operatórias imediatas provocadas pela pandemia da Síndrome Respiratória Aguda Grave Coronavírus 2 (SARS-CoV-2). Durante o tempo de pandemia houve recomendações para diminuição do número de participantes na sala cirúrgica, conexão com a ventilação mecânica e entrada na sala cirúrgica após intubação, pressões de CO2 menores, redução do uso do eletro cautério e do nível mais baixo existente, limpeza de sangue dos instrumentos e outros fluidos corporais durante a laparoscopia, retirada do pneumoperitônio (aspiração pelo trocater) aumentando o tempo cirúrgico. Além disso, o treinamento prático limitado dos residentes no uso da videolaparoscopia e da presença de vesículas com sinais crônicos de evolução, possibilitaram complicações pós-operatórias. – OBJETIVOS: Analisar as repercussões da pandemia COVID-19 sobre o tempo de colecistectomia, e complicações intra e pós-operatórias imediatas observadas no Hospital Universitário Cajuru e identificar as variáveis relacionadas às alterações observadas durante o período pandêmico. – MATERIAIS E MÉTODO: Para desenvolver este trabalho foram coletados 177 prontuários de pacientes submetidos à colecistectomia disponibilizados pelo Setor de Protocolos do Hospital Universitário Cajuru dos anos de 2019, 2020, 2021 e de 2022. As informações necessárias contidas nos prontuários foram tabeladas em uma planilha Excel e posteriormente analisadas com o auxílio do programa computacional SPSS v28.0. Foram utilizadas análises inferenciais por meio do teste T de Studant para amostras independentes e, para s variáveis que não apresentaram distribuição normal dos dados o teste não paramétrico de Mann-Whitney. As correlações de variáveis quantitativas que não apresentaram distribuição normal foram realizadas pela análise de correlação de Spearman. Variáveis categóricas forram comparadas entre os grupos pelo teste de qui-quadrado e as dicotômicas pelo teste exato de Fisher. Foram significativos para o estudo valores de p menores que 0,05. As análises nos subgrupo pré-pandemia e durante a pandemia tiveram os níveis de significância corrigidos por Bonferroni A partir de então, correlacionou-se os dados obtidos com o que é relatado na literatura científica. – RESULTADOS: O tempo cirúrgico apresentou ser maior no grupo durante a pandemia em relação ao grupo pré-pandemia independentemente do tipo de achado no USG. Isso pode ser correlacionado aos sintomas dos pacientes que buscaram atendimento durante o período pandêmico serem mais agudizados e graves em relação ao grupo controle. Houve significância nos valores que associaram náuseas e dor no pós-operatório prevalentes no grupo durante a pandemia, mas não no grupo controle. Em relação a amostra global, os pacientes que apresentaram menos tempo de sintomas (dias) tenderam à relação direta de menor tempo intraoperatório e de menor tempo no internamento hospitalar. – CONSIDERAÇÕES FINAIS: As postergações operatórias durante a pandemia foram necessárias para o controle da saúde global. Contudo, isso trouxe desfechos impactantes para a cirurgia de colecistectomia conforme observado nos dados analisados a partir de prontuários do HUC.