INTRODUÇÃO: O hiperaldosteronismo primário felino é um distúrbio adrenocortical caracterizado pela secreção excessiva e autônoma de mineralocorticoides, principalmente aldosterona. As alterações metabólicas dos gatos afetados incluem o aumento da retenção de sódio e água, além do aumento da excreção renal de potássio, resultando na hipertensão arterial sistêmica, hipernatremia e hipocalemia. No Brasil, são escassos os relatos na literatura de gatos com essa enfermidade. – OBJETIVOS: O objetivo deste estudo foi caracterizar epidemiologicamente o hiperaldosteronismo primário em felinos no Brasil a partir da análise de uma série de casos clínicos em diferentes regiões do território nacional. – MATERIAIS E MÉTODO: Foi realizado um estudo epidemiológico, multicêntrico e retrospectivo, através de questionário online validado pelo CEP. Obteve-se 14 respondentes no questionário, composto por um total de 23 questões, sendo essas relativas ao perfil do animal, estado clínico, exames complementares diagnóstico, informações sobre tratamentos empregados e o desfecho clínico do caso. Foi realizado o percentual das respostas de localização, data de atendimento, raça, sexo, estado reprodutivo e a estatística descritiva da idade. As informações médicas foram organizadas em gráficos e tabelas de acordo com os percentuais de resposta em cada questão. – RESULTADOS: A maior parte dos casos foi proveniente de São Paulo, SP (36%) e Rio de Janeiro, RJ (36%), atendidos no ano de 2020 (43%). A média de idade encontrada foi 13,7 anos, com σp = 5,26, sendo a maior parte (43%) dos pacientes classificados como sênior. 36% eram fêmeas e 64% eram machos. Os sinais clínicos de maior prevalência foram hipocalemia (85,7%), hipertensão arterial sistêmica (78,6%) e fraqueza muscular (78,6%). 100% dos médicos veterinários amostrados solicitaram os exames de sódio sérico, potássio sérico, creatinina, ultrassonografia abdominal e aldosterona sérica para o diagnóstico definitivo do hiperaldosteronismo. 42,85% dos casos tiveram apenas tratamento clínico, enquanto 57,14% tiveram tratamento clínico e cirúrgico. Os medicamentos de eleição mais utilizados para o tratamento clínico foram a espironolactona (79%) e anlodipina (50%), respectivamente. Em relação aos tratamentos cirúrgicos, 67% foram adrenalectomias unilaterais direitas e 33% adrenalectomias unilaterais esquerdas, sendo que apenas 2 pacientes tiveram complicações operatórias. A maior parte dos pacientes teve um desfecho positivo, estando 6 (42,85%) deles vivos até o momento, porém, 5 (35,71%) dos pacientes evoluíram a óbito e 2 (14,28%) foram submetidos à eutanásia. 1 (7,14%) paciente não teve retorno ao veterinário responsável pelo caso. – CONSIDERAÇÕES FINAIS: Foi possível a utilização dos dados coletados para traçar o perfil epidemiológico dos gatos com hiperaldosteronismo primário, identificar as principais manifestações clínicas e determinar as principais medidas terapêuticas. No entanto, não foi possível definir as principais alterações dos exames complementares e nem avaliar o tempo de sobrevida global estatisticamente, por falta de dados. Assim, pode-se concluir que o estudo cumpriu na maior parte com os objetivos propostos, cumprindo função epidemiológica importante, no entanto, mais estudos serão necessários para determinação de outras informações.