Logo PUCPR

O IMPACTO DA DESIGUALDADE SOCIAL E OS ENTRAVES DA PANDEMIA DA COVID-19 PARA O ACESSO AO ENSINO SUPERIOR POR MEIO DO ENEM

RESUMO

INTRODUÇÃO: Desde 2020, a pandemia da COVID-19 tornou-se o maior desafio internacional do século XXI. Ela trouxe uma crise não apenas sanitária, mas social e multifatorial. Na educação, a suspensão das aulas presenciais foi o principal impacto da pandemia. Mesmo antes da crise econômica provocada pela pandemia, a pesquisa Tic Domicílios (2020) revelou que mais de 99% dos estudantes com renda familiar de três a dez salários-mínimos acessavam a internet; enquanto apenas 68% dos demais, com renda até um salário-mínimo, possuíam conexão em seus domicílios. Além disso, o relatório ‘Juventudes e Pandemia’, elaborado pelo Conselho Nacional da Juventude (2021), apontou que 56% dos jovens que evadiram a escola em 2021 trancaram ou cancelaram sua matrícula depois do início da pandemia. A dificuldade de acesso e a desmotivação com as aulas remotas foram os fatores que mais afastaram os estudantes mais jovens das escolas, enquanto os mais velhos saíram da escola por problemas financeiros e pela necessidade de trabalhar durante o horário das aulas. – OBJETIVOS: O processo de adequação ao sistema das aulas remotas, por sua vez, revelou problemas sistêmicos que o objetivo da presente pesquisa se propõe a analisar: de que forma a desigualdade social e o ensino remoto na pandemia prejudicaram a preparação dos estudantes para o Enem, principal exame de ingresso às universidades no Brasil. – MATERIAIS E MÉTODO: Considerando o objetivo de pesquisa, os recursos metodológicos adotados foram a análise de dados secundários e a compreensão do marco teórico sobre educação, desigualdade social e políticas públicas. O marco teórico de referência parte da leitura de artigos publicados por BERNHEIM (2008), BONETTI (2007), BOURDIEU (1986;2014), CATANI (2008), CHAUÍ (2008), LIMA (2015), SILVEIRA (2013) e SOBRINHO (2008) nas plataformas Scielo e Sucupira. – RESULTADOS: A partir da análise dos dados secundários, foi possível inferir que a desigualdade social e o ensino remoto na pandemia prejudicaram a preparação dos estudantes para o Enem nos seguintes aspectos: segundo estimativa do Pisa (2020), enquanto os países membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) têm, em média, praticamente um computador para cada estudante de 15 anos, o Brasil tem apenas um computador para cada quatro estudantes nas escolas. Além disso, constatou-se que os estudantes sem acesso a computadores ou conexão adequada de internet perderam, em média, 90 pontos na redação, os quais podem custar uma vaga no Sisu ou no Fies. Enquanto um a cada quatro estudantes com melhores condições socioeconômicas estão entre os 5% melhores candidatos do Enem, somente um a cada 600 estudantes em situações sociais mais vulneráveis atingem um bom desempenho no exame. – CONSIDERAÇÕES FINAIS: De maneira geral, percebe-se um direcionamento meritocrático e displicente na educação, pois até mesmo a divulgação dos microdados das edições 2020 e 2021 foi atrasada em quatro meses e disponibilizada com restrições de informações, dificultando o cruzamento de dados e análises aprofundadas. Essa postura busca isentar-se de responsabilidade pelas desigualdades que aprofundam a elitização do Ensino Superior no Brasil, prejudicando não apenas a preparação acadêmica e cultural para fazer a melhor escolha de cursos e profissão.

PALAVRAS-CHAVE:

ENEM; ensino superior; pandemia; desigualdade social; ensino remoto.

APRESENTAÇÃO EM VÍDEO

Sessão Oral:
(O6.5) PIBIC – Projeto Humanismos, identidade e valores – DIRh : 26/10 – 14h00 – 16h00 – Auditório – Brasilio
Esta pesquisa foi desenvolvida na modalidade Iniciação Científica Voluntária (ICV)
Legendas:
  1. Estudante;
  2. Orientador;
  3. Colaboradores.

Compartilhe

Share on facebook
Share on linkedin
Share on twitter
Share on email