INTRODUÇÃO: Este trabalho procura traçar análises sobre o percurso histórico de violências concretas e simbólicas cometidas contra a mulher, que obtiveram apogeu durante os períodos de transição do feudalismo e ascensão da idade moderna. – OBJETIVOS: Desse modo, a pesquisa tem como objeto de estudo discursos propagados via diferentes meios e formas, vinculadas a obras artísticas e literárias, produzidas por homens e mulheres em contextos opostos. O primeiro, procurando construir uma imagem negativa relacionada ao feminino e o segundo, procurando subverter essas impressões, na tentativa de reatualizar essas identidades. Buscando demonstrar a trajetória, os desafios e as conquistas do feminismo, o objetivo da pesquisa era encontrar nas postulações teóricas de historiadores, sociólogos e filósofos de múltiplas vertentes do feminismo, possíveis articulações às expressões que se direcionam para além da teoria, de modo a estabelecer um panorama sobre o alcance de discursos anti-opressão. – MATERIAIS E MÉTODO: Os materiais utilizados nesta pesquisa foram obras artísticas visuais, literárias e teóricas que trouxeram o aparato necessário para realização dos objetivos propostos no projeto. Em uma abordagem qualitativa, procurou-se optar por autores que trouxessem perspectivas históricas e semelhantes relacionadas ao feminismo, com concepções consolidadas no ocidente acerca de conceitos de opressão versus liberdade e as noções sobre o controle dos corpos, focalizando em autoras mulheres que analisassem em suas obras, vivências e experiências por meio de personagens que explicitassem o que seria dito pela teoria. A pesquisa, portanto, utilizou de bibliografia voltada para a análise de construções sociais, em específico, das perseguições à mulher ao longo da história, bem como sua própria atuação nesses contextos, trazendo exemplificações através de obras literárias, ensaios ou entrevistas sobre o tema. A partir disso foi construído um apanhado de termos/expressões considerados pertinentes para o reconhecimento de violências no âmbito da linguagem. A partir deste item e das noções postuladas sobre violência simbólica, a pesquisa procurou compreender como a linguagem e a arte podem ser utilizadas duplamente, para estigmatizar as mulheres ou como uma forma de corroborar com a expressão de suas vivências e, consequentemente, de suas denúncias as instâncias de opressão. – RESULTADOS: Os resultados do estudo demonstraram que embora as linguagens verbal e não-verbal tenham sido usadas para construir um cenário social de aversão ao feminino, a apropriação do ato de dizer pelas próprias mulheres, permitiu a desconstrução desses esquemas de degradação ao possibilitarem que suas denúncias fossem expressadas e conscientizadas ao público. – CONSIDERAÇÕES FINAIS: Percebemos que no período mencionado, com vistas ao controle massivo dos corpos femininos, a linguagem verbal e não-verbal foi o principal artefato utilizado para promover fortes perseguições às mulheres que se estenderam, posteriormente, na modernidade. Concluiu-se nesta investigação que as mulheres, ao se apropriarem da linguagem, reivindicando um espaço de autoria sobre os discursos sobre seus corpos, contribuíram para uma desconstrução das atribuições misóginas antes feitas, construindo por meio de um alinhamento da subjetividade contido nos textos literários às reivindicações teóricas tecidas – uma complementariedade para que não somente intervenções concretas pudessem ser feitas, como para reconstruir internamente a identidade da própria mulher perante a si mesma.