INTRODUÇÃO: Diante do contexto pandêmico vivenciado e da urgente demanda em restringir a presencialidade de atendimentos, psicoterapeutas depararam-se com muitos desafios na prestação de serviços psicológicos online, especialmente no atendimento a crianças e adolescentes previamente diagnosticados com algum quadro clínico, como o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). – OBJETIVOS: Diante disso, a pesquisa teve como objetivo descrever a utilização de Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs) por profissionais da psicologia durante a pandemia de COVID-19 no atendimento a crianças e adolescentes que apresentavam Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), a fim de mapear estratégias e recursos utilizados por psicólogos clínicos no atendimento online infanto-juvenil e discutir possíveis benefícios e limitações dessa modalidade de atendimento na percepção desses profissionais. – MATERIAIS E MÉTODO: O levantamento de informações foi realizado por meio de um formulário online contendo 17 perguntas abertas e fechadas que visavam identificar o perfil do profisisonal, sua adaptação à modalidade de prestação serviços psicológicos online, estratégias e recursos utilizados no atendimento ao público infanto-juvenil e a percepção de efetividade das intervenções realizadas. O formulário foi compartilhado em diferentes ambientes virtuais frequentados por profissionais da psicologia clínica (grupos de profissionais e redes sociais) durante seis semanas. – RESULTADOS: Treze profissionais responderam ao formulário, os quais realizaram atendimento, em maior parte, com crianças de faixa etária acima de 9 anos e não apresentavam experiência prévia com a prestação de serviços psicológicos online. Os resultados sugeriram que, na percepção da maior parte dos profisisonais, a psicoterapia online orientada ao público infanto-juvenil foi efetiva, apresentando resultados de intervenção equivalentes à modalidade face a face de atendimento, assim como foi satisfatória para os pais das crianças e adolescentes atendidos. Contudo, foram relatadas dificuldades dos profisisonais quanto ao manejo ambiental para a condução da sessão (presença de distratores, dificuldade em manter a atenção da criança à tarefa) e a falta de conhecimento de recursos tecnológicos (falta de habilidade da criança e/ou do terapeuta), de tal modo que alguns profissionais optaram por encerrar a oferta dessa modalidade de atendimento após a flexibilização das medidas de segurança. Quanto às principais estratégias utilizadas, os profisisonais relataram: uso de recursos lúdicos virtuais (jogos eletrônicos, atividades com o personagem preferido da criança, livros e músicas), estabelecimento de acordos prévios, psicoeducação e técnicas de atenção e respiração. – CONSIDERAÇÕES FINAIS: Considerando a recência da regulamentação do teleatendimento na psicologia, bem como a inexperiência dos profissionais com a oferta de serviço nessa modalidade, os resultados mostraram-se promissores, sugerindo que a psicoterapia online pode ser uma forma viável de intervenção para o público infanto-juvenil, sendo porém necessário o conhecimento de recursos e uso de diferentes estratégias para melhor adaptação ao formato. Salienta-se a necessidade de maiores estudos sobre as questões de manejo clínico e técnico no atendimento remoto e a importância de uma melhor formação dos profissionais no que diz respeito à prestação de serviço psicológico online.
