INTRODUÇÃO: A velhice, na pandemia de COVID-19, enfrentou uma série de desafios diretos e indiretos em todo o mundo, afetando suas vivências, relações intrafamiliares, emoções e subjetividades. Em Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI´s), tais desafios intensificaram-se frente à estigmatização e ao processo histórico-cultural no qual são articuladas, uma vez que o envelhecimento institucionalizado no Brasil orienta a experiência da velhice, seus fatores psicossociais e sua classificação simbólica, especialmente no contexto pandêmico de isolamento social. – OBJETIVOS: A fim de identificar o quadro completo dos impactos pandêmicos, busca-se analisar etnograficamente a velhice durante a pandemia de COVID-19, bem como suas condições socioemocionais e culturais, as barreiras psicossociais e as estratégias articuladas pelos cuidadores, familiares e idosos institucionalizados. – MATERIAIS E MÉTODO: Consiste no estudo etnográfico sobre o envelhecimento em contexto asilar e pandêmico, com coleta de dados qualitativos fundamentada na observação participante e pesquisa de campo, em uma ILPI localizada em Curitiba, PR. A amostra contempla todo o universo da Instituição, com 23 residentes de 60 a 90 anos e funcionários, com imersão semanal entre setembro de 2021 e março de 2022. Valeu-se de múltiplas técnicas de coleta, como diário de campo e entrevistas abertas, com interação contínua de dados e posterior análise bibliográfica, estruturando um quadro técnico no qual o fenômeno da velhice pôde ser interpretado. – RESULTADOS: Contemplou-se elementos essenciais que perpetuam a velhice institucionalizada, o elo instituição-idoso-família, o modo como os lugares sociais são assimilados pelos velhos que, a partir disso, explorou-se o que é ser velho na realidade institucional, o papel da instituição como núcleo familiar, a relação instituição-família, a produção da solidão da velhice durante e pós-pandemia e, por fim, o levantamento etnográfico do que é envelhecer. – CONSIDERAÇÕES FINAIS: No elo da Antropologia com a Psicologia, foi possível compreender com profundidade os sentidos das velhices e seus lugares culturais. No universo da presente pesquisa, compreendeu-se que ser velho é dar uma contribuição original no mundo, na instituição e na cultura; compreendeu-se a diversidade do que é envelhecer e abriu-se portas para a aproximação do fenômeno da velhice, tanto nas ciências humanas quanto nas ciências da saúde.
