POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE E VULNERABILIDADE FAMILIAR: ESTUDO INTERDISCIPLINAR NO CAMPO DA BIOÉTICA

INTRODUÇÃO: A vulnerabilidade da família está relacionada a processos multifatoriais, incluindo desde o rompimento de vínculos afetivos que é causado pelo estilo de vida contemporâneo, à manutenção da milenar estrutura patriarcal das famílias que submete mulheres à abusos e violências domésticas, passando por ineficiências de políticas públicas estatais e pelas desigualdades sociais relacionadas ao modo de produção econômica. Esta característica complexa da vulnerabilidade familiar requer um olhar interdisciplinar, como aquele oferecido pela bioética. – OBJETIVOS: Analisar, por meio de revisão integrativa da literatura, as políticas públicas que se relacionam com as vulnerabilidades em saúde das famílias brasileiras. – MATERIAIS E MÉTODO: A pesquisa integrativa foi realizada nas bases de dados LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde) e o BDENF (Banco de Dados em Enfermagem – Bibliografia Brasileira), ambas indexadas pela Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Como critérios de inclusão e exclusão foram definidos: artigos completos correspondentes às palavras-chave “saúde da família” AND “vulnerabilidade” publicados entre os anos 2012 e 2022 no idioma em português. – RESULTADOS: Como resultados, foram analisados 88 artigos cujos conteúdos foram sintetizados em 5 categorias: 1) Saúde da família e comunidade, que evidencia desafios teóricos, metodológicos e programáticos relacionados à localização da família em seus contextos comunitários; 2) Saúde da criança e adolescente, que destaca a importância da atuação dos profissionais de saúde sobre o tema de prevenção das violências e abusos de crianças e adolescentes; 3) Saúde da mulher, que relaciona a vulnerabilidade da saúde da mulher à políticas públicas de igualdade de gênero e saúde reprodutiva; 4) Saúde do idoso, que aponta para a importância de políticas públicas de saúde que partam da identificação das fragilidades dos idosos nas famílias, viabilizando o trabalho mútuo envolvendo profissionais de saúde, familiares e cuidadores. 5) Saúde da população rural ou ribeirinha, que analisa como as desigualdades regionais nas condições de vida e de oferta de serviços de saúde encontram-se mais evidente nas áreas em que vivem famílias rurais e ribeirinhas. – CONSIDERAÇÕES FINAIS: Os fatores de vulnerabilidade familiar afetam contextos variados como violência doméstica contra mulheres, o abuso de crianças e adolescentes, negligências com idosos e desigualdades sociais, contribuindo no processo de saúde-doença dos sujeitos em seus contextos familiares. Nota-se uma defasagem tanto da literatura quanto das políticas públicas no reconhecimento das especificidades das vulnerabilidades familiares, tornando-se, necessário aprofundar os estudos que relacionam as vulnerabilidades enfrentadas pelas famílias brasileiras nas diversas áreas do conhecimento voltadas à saúde.