INTRODUÇÃO: As interfaces cérebro-máquina consistem no estabelecimento de uma comunicação direta entre o cérebro e um artefato, mecânico ou mesmo virtual, realizada a partir do registro e decodificação da atividade cerebral. Além disso, se o feedback dessa comunicação obtiver qualidade adequada, o cérebro mostra-se capaz de reconhecer a interface como parte integrante do próprio corpo, uma extensão dele mesmo. – OBJETIVOS: Analisar os experimentos neurocientíficos de interface cérebro-computador de acordo com o problema mente-corpo da filosofia da mente, com suas concepções fisicalistas e dualistas. Como objetivos específicos: Identificar o problema mente-corpo na filosofia da mente com suas concepções fisicalistas e dualistas; Apresentar as mais recentes pesquisas neurocientíficas que envolve Interfaces Cérebro-Computador; Destacar os principais avanços e limites dessas pesquisas, considerando o problema dualista mente/corpo. – MATERIAIS E MÉTODO: Por se tratar de uma pesquisa de caráter teórico, os materiais de leitura foram selecionados dentre os textos originais dos autores referenciados no presente documento, de acordo com sua importância para o desenvolvimento do tema de interfaces cérebro-máquina e a sua perspectiva Transumanista, bem como para as discussões relativas ao problema mente-corpo ao longo da história. Além disso, foram utilizadas as bases de dados SciELO, PubMed e Cochrane para realizar buscas por artigos e/ou revisões sistemáticas e meta-análises que abordassem: i) as mais recentes pesquisas neurocientíficas em interfaces cérebro-computador para a reabilitação total ou parcial e o aprimoramento das funções cognitivas humanas; ii) a perspectiva transumanista e as questões éticas, filosóficas e de responsabilidade envolvidas; iii) o problema mente-corpo e seu desenvolvimento ao longo da história. – RESULTADOS: Não obstante os avanços alcançados pela Neurociência, são muitos os desafios a ser ultrapassados para que a utilização dessas interfaces seja segura e vise o melhor interesse dos usuários, assim como de toda a sociedade. Nesse contexto ainda inicial de interconexão entre homem e máquina, insurge novamente o problema mente-corpo. – CONSIDERAÇÕES FINAIS: Ainda assim, o desenvolvimento das pesquisas em ICCs parece não estar subordinado às reflexões evocadas pela problemática e permanece avançando com grande projeção. Por essa razão, impõe-se a necessidade de questionar não só a elaboração das pesquisas e sua aplicação em seres humanos, mas também os possíveis efeitos decorrentes de uma sociedade pós-humana.
