INTRODUÇÃO: A diversidade de interpretações que a obra Édipo-Rei já recebeu e ainda recebe, enseja a reflexão sobre uma das maiores releituras já feitas sobre esse drama sofocliano, isto é, a singular análise do pensador francês Michel Foucault. – OBJETIVOS: Com o objetivo de contribuir com esse estudo, o presente artigo investiga o papel do mágico-religioso em meio a transição do cenário político-religioso da Grécia antiga, em especial no que se refere ao problema do enfraquecimento do oráculo, e seus mensageiros, como palavra comprovadora da verdade. – MATERIAIS E MÉTODO: A pesquisa, que teve um caráter eminentemente bibliográfico, se utilizou das aulas e dos cursos lecionados por Foucault nas décadas de 70 e 80, e também de diferentes artigos acadêmicos que abordam o conteúdo edipiano. – RESULTADOS: A atestação jurídica, por meio da dimensão oracular, parecia não ser suficiente para comprovar a verdade. Dessa forma, novas práticas judiciárias são estabelecidas junto ao modelo antigo. São práticas que alcançam o saber humano em sua condição social e política e mostra como o conhecimento humano vais aos poucos tornando-se autossuficiente, isto é, o sistema nascente, o inquérito, é determinado sobretudo a partir das testemunhas e da constatação concreta dos fatos, deixando o mágico-religioso em segundo plano. – CONSIDERAÇÕES FINAIS: O projeto conclui mostrando que, com os estudos de Foucault sobre a obra sofocliana, foi possível reconhecer a passagem do discurso mágico-religioso para o discurso-racional, como consequência do nascimento de um novo método de análise para a determinação da verdade. Tal modelo demarca o fim de um momento anterior a esse processo de racionalização, isto é, o período em que a mântica oracular dominava todos os aspectos da vida pessoal e da vida pública, inclusive o cenário político.
