INTRODUÇÃO: A articulação temporomandibular (ATM) se destaca por ser a única articulação móvel do conjunto estrutural do crânio, além de apresentar movimentos rotacionais e translacionais, devido à articulação dupla do côndilo. A disfunção temporomandibular pode causar limitação do movimento da mandíbula, normalmente seguida de ruídos articulares e dor intensa, diminuição da sensibilidade auditiva além de incomodo na região auricular. Nestes casis recomenda-se a substituição da ATM por uma prótese. O desgaste dos materiais da prótese é um dos principais fatores que reduzem a sua longevidade. Por isso, o estudo do desgaste desses materiais é essencial para a qualificação das próteses e estimar seu tempo em serviço. – OBJETIVOS: o presente trabalho tem como objetivo geral a análise do desgaste de biomateriais usados em próteses de ATM usando equipamento especialmente desenvolvido para simular os movimentos e as cargas sobre a prótese quando implantada. – MATERIAIS E MÉTODO: Foram confeccionados por usinagem 6 pinos em liga de CoCrMo a partir de barra de 8 mm de diâmetro e 6 fossas em Polietileno de Ultra Alto Peso Molecular (UHMWPE), mesmos materiais usados na confecção das próteses totais de ATM. As dimensões foram específicas para o uso com o equipamento desenvolvido. Três dos pinos foram polidos e três foram lixados para produzir rugosidades superficiais diferentes. Os corpos de prova foram posicionados no equipamento que funcionou com 500.000 ciclos. A cada 125.000 ciclos os corpos de prova em PE foram pesados. A rugosidade superficial de todos os corpos de prova foram medidas antes de depois do ensaio. – RESULTADOS: Todas as peças em PE, apesar de confeccionadas pelo mesmo processo, possuíam massas variando entre 29 e 32 g. Esta diferença pode ser devida à precisão da usinagem que foi realizada em um torno de bancada. Quando as peças foram posicionadas no sistema, notou-se que algumas eram mais fáceis de encaixar do que outras. No entanto, essa diferença não interferiu no posicionamento do pino sobre o rebaixo da peça de PE e na sua perfeita fixação não afetando, portanto, nos resultados. Algumas das peças em contato com pinos polidos sofreram mais desgaste, o que não era esperado. – CONSIDERAÇÕES FINAIS: De acordo com os resultados, a perda de material para o meio parece tender à estabilidade depois de 500.000 ciclos, sendo que do terceiro para o quarto dia, as perdas de massa das peças foram consideravelmente menores que nos primeiros dias. Isso pode indicar que o período de acomodação do sistema aconteceu entre os 375.000 e os 500.000 ciclos. Os resultados, contrário ao esperado, mostrou taxa de desgaste similar entre as peças polidas e as lixadas, o que poderia indicar que a rugosidade superficial não interfere no período de acomodação do sistema (running in). No entanto, são necessários mais ensaios com número de ciclos mínimo de 1 milhão, para que se confirme tal hipótese. Pelos valores das rugosidades superficiais, ficou evidente a importância de um protocolo de tratamento das superfícies para garantir a reprodutibilidade, garantindo que os resultados do ensaio sejam voltados apenas aos parâmetros de funcionamento do equipamento.
