INTRODUÇÃO: A migrânea é uma doença neurológica prevalente e incapacitante. A obesidade está associada ao aumento da frequência das crises, prevalência, gravidade e cronificação da migrânea. – OBJETIVOS: Verificar a prevalência de obesidade através do Índice de massa corporal (IMC) e obesidade abdominal entre indivíduos com migrânea e investigar o seu efeito sobre parâmetros clínicos relacionados. – MATERIAIS E MÉTODO: Estudo prospectivo observacional composto por indivíduos com diagnóstico de migrânea. Foram obtidos dados demográficos, critérios diagnósticos da migrânea, quantidade de dias de cefaleia por mês, idade de início, sintomas associados, gatilhos, comorbidades, tabagismo, uso de profilaxia e uso excessivo de analgésicos. Os pacientes responderam a questionários validados sobre ansiedade (IDATE), depressão (IDB), incapacidade (MIDAS), alodinia (ASC-12) e hiperacusia. Foram obtidos dados antropométricos para determinação do IMC e circunferência abdominal (CA). As variáveis categóricas foram analisadas pelo teste de qui-quadrado e as variáveis numéricas pelo teste de Kruskal-Wallis. Para investigar os preditores de migrânea crônica foi realizada regressão logística binária, com ajuste para variáveis confundidoras, no programa estatístico SPSS. – RESULTADOS: Entre 452 pacientes, 85,61% eram mulheres e 55,3% tinham migrânea episódica. Pacientes com sobrepeso e obesidade pelo IMC eram mais velhos (p<0,001 e p=0,014), assim como pela CA (p<0,001). Houve maior frequência de mulheres nos grupos de sobrepeso (p=0,021) e de obesidade abdominal (p<0,001). De acordo com o IMC, o sobrepeso está associado a maior tempo de migrânea (p=0,019) e obesidade a níveis mais elevados de depressão (p<0.001). Em relação a CA, pacientes com sobrepeso e obesidade apresentaram maiores taxas de migrânea crônica (p=0,004 e p<0,001), e pacientes obesos maior quantidade de dias de migrânea (p<0,001), maior tempo de migrânea (p<0,001), uso excessivo de analgésicos (p<0,001) e depressão (p<0.001 e p=0,025). Houve correlação fraca entre CA e incapacidade (MIDAS) (r=0,149; p=0,007), e entre IMC e o MIDAS (r=0,123; p=0,025). Houve prevalência de migrânea crônica para IMC normal com obesidade central (p=0,017), e manteve-se a diferença quando ajustado para as covariáveis (OR= 2,66; IC95%=1,061-6,678; p=0,037). Houve diferença entre a frequência de migrânea crônica e episódica para o grupo de sobrepeso (p=0,004) avaliado pela CA, inclusive na análise ajustada (OR= 3,01; IC95%= 1,358-6,68; p=0,007). Em pacientes com CA aumentada houve diferença nas análises não ajustada (p<0,001) e ajustada (OR= 2,05; IC95%= 1,098-3,81; p=0,024). – CONSIDERAÇÕES FINAIS: A prevalência de obesidade foi baixa na população estudada, mas houve associação para obesidade classificada pelo IMC ou CA com parâmetros clínicos associados a migrânea.